terça-feira, 30 de novembro de 2010

O esporte como objetivo de vida

Patrícia Angélica

Manoela Penna, sócia-diretora da Media Guide, responsável pelas contas do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) e da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), contou na mesa sobre esportes da Controversas que seu maior sonho, durante boa parte da infância e da adolescência, era ganhar uma medalha olímpica. “Mas eu era muito perna de pau em todos os esportes, então decidi que minha medalha viria contando histórias”, disse, justificando sua escolha pelo jornalismo esportivo na abertura da mesa. Filha de dois jornalistas, seu sonho era ser repórter, como o pai. Mas depois de alguns anos foi para a assessoria, que considerava chata na infância, e não saiu mais, como sua mãe.

Sua primeira experiência com esportes no jornalismo se deu como para a maioria daqueles que desejam ingressar na área: no Diário LANCE!. À certa altura da carreira, fez uma prova para o Jornal do Brasil e passou. Ia trabalhar na editoria de Cidade, mas mudou de idéia depois de uma conversa com seu chefe no LANCE! E ele lhe perguntou o que ela queria fazer de verdade. Sem titubear, Manoela disse que queria cobrir Esporte e ele deu-lhe um conselho: “seja muito boa fazendo Esporte desde o começo”.

Quando foi trabalhar na CBJ, Manoela fazia de tudo. Cuidava da a agenda de todos os atletas da Seleção e os deixava sempre muito acessíveis à imprensa, com o objetivo de colocar o judô na agenda dos jornais. Hoje, a coisa mudou um pouco, ela faz apenas um meio de campo entre as assessorias dos atletas e seus patrocinadores e os jornalistas, além de ter formatado com mais rigidez o acesso da imprensa aos atletas e seus horários. Tal estratégia tem sido usada também no CPB, mas como o Comitê Paraolímpico ainda não é tão pautado, a relação com a imprensa ainda é de acesso e disponibilidade total.

Ainda no CPB, Manoela usa uma nova estratégia. Ao assumir, fez uma pesquisa com repórteres para saber como é que os esportes paraolímpicos são vistos por eles. A partir disso, começou a convidar repórteres, com passagem e hospedagem pagas pelo comitê,  para assistir competições paraolímpicas. A ideia era mostrar que o esporte paraolímpico é atividade de alto rendimento, não apenas filantropia.

Manoela trabalhou por muito tempo em relação direta com atletas. Conviveu e conheceu a fundo muitos dos dramas vividos por eles. Ouça no link abaixo um depoimento de Manoela Penna sobre um dos momentos mais emocionantes que ela passou ao lado dos atletas:



Manoela Penna, durante a palestra, e, na segunda foto,
posando para foto ao lado da repórter Patrícia Angélica



sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Os salários no rádio são muito baixos, avisa Lubianco

Nara Meireles

Júlio Lubianco, ao lado do professor Ildo Nascimento (UFF)
demonstrou certo pessimismo em relação ao mercado de rádio.
Ex-aluno na UFF, Júlio Lubianco é atualmente chefe de reportagem da CBN, âncora de dois programas na mesma emissora de rádio e professor da PUC-Rio. Durante a Semana UFF de Jornalismo, Júlio falou sobre o mercado hoje e as perspectivas para os futuros jornalistas. Além disso, relembrou a época de estudante do IACS e reforçou a importância da participação dos estudantes em atividades fora de salas de aula, como TV universitária, jornais e, até mesmo, diretórios acadêmicos.

A princípio pessimista em relação à entrada no mercado de radiojornalismo, Júlio declarou, em entrevista após a mesa do Controversas, que a situação não é tão complicada. Estudantes que desejam trabalhar em rádio não precisam desistir, como havia sido sugerido (de forma descontraída) mais cedo. Para ele, o mais complicado não é entrar no mercado e, sim, conviver com o salário, quase sempre muito baixo. 

De acordo com Júlio, o contato com a profissão, em estágios e empregos, é fundamental para a formação do profissional. Para ele, a experiência complementa o conhecimento adquirido na universidade, que é mais amplo e permite que o estudante conheça ferramentas diversificadas. Segundo Júlio, “o mercado demanda experiência e conhecimento específico de cada empresa, de cada veículo. (...)”.

Júlio falou também que atualmente o profissional de rádio deve ser "multifuncional". Para ele, esta é uma tendência do jornalismo, independentemente do meio. Exemplificou com a rotina de trabalho da Rádio CBN e defendeu que a formação completa só vem, realmente, com a experiência. Afinal, para Júlio, a obrigação da faculdade de jornalismo é formar um profissional que saiba qual é sua função na sociedade. “O jornalista exerce uma função social de formar, de comunicar”, diz.  


Em breve você vai encontrar aqui links para o áudio 
dos melhores trechos desta entrevista.


Cobertura Olímpica em debate na UFF

Catherine Lira
Elisa de Magalhães

O jornalismo esportivo no Brasil deve passar por grandes mudanças nos próximos seis anos. Com a proximidade dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, os cadernos de esporte e jornais especializados terão que dar maior atenção para outros esportes além do futebol. O assunto foi discutido dia 9 de novembro na mesa “A cobertura de esportes no cotidiano e em grandes eventos”, parte do evento Controversas, organizado por alunos e professores do curso de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense.

Da esquerda para a direita: PC Vasconcellos, Manoella Penna,
Roberto Falcão, Eduardo Tironi e Gilmar Ferreira

O debate contou com a participação do editor de Mídias Digitais do jornal Lance!, Eduardo Tironi, o chefe de redação do canal SporTV, Paulo César Vasconcellos, a assessora do Comitê Paraolímpico Brasileiro Manoela Penna e Gilmar Ferreira, responsável pelo Departamento de Esportes da Rádio Globo. Os convidados falaram sobre o papel da assessoria de imprensa, a importância do futebol e a paixão pelo jornalismo, além das expectativas em relação à cobertura jornalística para os Jogos de 2016.

Para Manoela Penna, o jornalismo esportivo passa por uma ótima fase, sobretudo com a inserção de uma nova geração no mercado, preparada para trabalhar com o esporte profissional. “Temos preparado toda uma geração de jornalistas; conseguimos um olhar mais apurado e profissional sobre o esporte”, disse. 

Jornalismo esportivo tende a ganhar espaço  - Eduardo Tironi por sua vez acredita que há transformações em curso desde o anúncio dos Jogos. O editor apontou a criação do caderno de esportes do jornal O Globo como exemplo disso, e afirmou que o jornalismo esportivo deve ganhar ainda mais destaque com o passar dos anos. A opinião de Tironi é compartilhada por Paulo César Vasconcellos, que acrescentou ser crucial a preparação dos jornais para 2017, quando o Brasil não for mais protagonista esportivo.

A questão da abordagem de outros esportes também foi levantada durante a etapa de perguntas da plateia. Questionados sobre o excesso de espaço dado ao futebol em detrimento de outros esportes, os convidados foram unânimes ao afirmar que a bola rolando é o que interessa ao leitor brasileiro. 

O que não é futebol desperta pouco interesse - Apesar de frisar que uma cultura multi-esportiva deve ser desenvolvida para as Olimpíadas, os debatedores declararam que o grande responsável pelas vendas é o futebol. Manoela usou como exemplo os primeiros anos do Lance!, que foi criado como um jornal poliesportivo, mas voltou-se para a paixão nacional ao perceber que não havia demanda.



Gilmar Ferreira, com Tironi e Falcão à esqueda: declarações polêmicas
 sobre a atuação dos assessores de imprensa no jornalismo esportivo
Vasconcellos acredita que o desempenho de atletas brasileiros em outras modalidades influencia no interesse dos leitores. Em sua opinião, o brasileiro gosta mais de vencer do que de outros esportes. Gilmar Ferreira concorda com os colegas e afirma que o papel do jornal é mostrar o que é do interesse do público. “O jornal mostra paixões, o resto é hierarquia da informação”, declarou. 

Mais importante do que ser bom jornalista esportivo é ser bom jornalista - Além do futebol, a paixão pelo jornalismo também foi abordada. Para Gilmar, muito mais importante do que escrever sobre esporte é a própria profissão de jornalista. O radialista afirma estar feliz em sua função, mas confessa que estaria feliz em qualquer outra editoria. Tironi concordou com o colega, e completou ao dizer ser importante lembrar que o jornalismo é, antes de tudo, a busca da verdade. Tironi se disse contente em poder participar de uma mesa em um a universidade, e aproveitou para fazer um apelo aos estudantes: “Leiam muito, mais do que os 140 caracteres do Twitter!”.

Gilma Ferreira disse que não gosta de assessores de imprensa - Em um debate tranquilo, a única polêmica ficou por conta de Gilmar Ferreira, que disse não gostar de assessores de imprensa. A revelação veio depois da resposta de Manoela a uma pergunta sobre o papel da assessoria de imprensa. A assessora, sócia fundadora da empresa MediaGuide, explicou que sua função não é evitar o atrito entre jornalistas e atletas, mas ensinar seus cliente a lidar com a imprensa. Declarou também não considerar jornalistas seus aliados, sem, no entanto colocá-los no papel de inimigos. 

Gilmar discordou da convidada ao afirmar que “os assessores mentem e escondem informações” e que prestam um desserviço ao jornalismo, mas explicou que a assessoria de jogadores de futebol é diferente do serviço prestado para outros esportes. Enquanto atletas olímpicos procuram um pequeno espaço na imprensa, a maior parte de jogadores de futebol tem mídia própria. A opinião de Gilmar teve respaldo de Paulo Vasconcellos, que declarou ser difícil encontrar uma boa assessoria no caso dos profissionais do futebol. 

Amizade com a fonte pode atrapalhar jornalista - Já Eduardo Tironi deu importância para os conflitos com a fonte. Segundo o editor, é importante ter uma boa relação com os entrevistados, porém a amizade excessiva pode atrapalhar o trabalho do jornalista. A mesa, que teve a participação de diversos estudantes de vários períodos de comunicação, provocou positivamente os jovens, que em grande número fizeram perguntas e apresentaram pontos de vista.


O futuro do jornalismo para Risoletta Miranda

Laís Ramos
Risoletta Miranda, uma apaixonada por tecnologia

Em uma mesa de discussão na qual os palestrantes falavam sobre os rumos do jornalismo impresso com a disseminação da Internet, ela se dividia entre seus gadgets (um Ipad e um celular), a ansiedade para assistir o jogo do Botafogo e a curiosidade de jornalista em prestar atenção em tudo que a cercava. Aos 40 anos, a paraense Risoletta Miranda é aficionada por tecnologia e sabe muito bem utilizá-la em sua profissão: atualmente é diretora executiva da FSB PR Digital (área digital da agência FSB Comunicações) e colunista de dois portais. Seu currículo inclui a criação de uma metodologia que permite criar campanhas online para empresas e medir sua eficácia – a Virtual Relationship Management (VRM). Em entrevista realizada no evento Controversas – Semana UFF de Jornalismo, a jornalista falou sobre a nova e antiga geração de jornalistas e suas atuações dentro do mundo virtual e  no jornalismo.
Risoletta, durante a palestra o termo “dinossauro” foi muito utilizado para a turma do jornalismo mais antiga. Você acha que realmente é mais difícil para essas pessoas se adequarem às novas tecnologias?
Risoletta: Se você é jornalista deve se interessar por informação. É um preço que pagamos pelo que amamos. Tenho quarenta anos e meu primeiro contato com a Internet foi em 1997. A primeira coisa que disse foi “caramba vai ser tudo” (risos), e hoje em dia tenho uma empresa de internet. Fiquei impressionada porque os textos são anárquicos, por conter hiperlinks, mas fazem tanto sentido quanto os lineares. Percebi ali uma oportunidade para o conhecimento. Não é difícil, basta gostar.
Você acredita que o Homo Digitalis, que faz parte dessa nova geração, substituirá os antigos jornalistas, que tiveram que aprender a utilizar as diversas tecnologias para o jornalismo de uma hora para outra?
Risoletta: De maneira alguma. O Homo Digitalis é o ser que faz tudo conectado e várias coisas ao mesmo tempo. Porém, todas as gerações ainda podem ser jornalistas, basta que o profissional tenha competência e queira produzir conteúdo e informação. O jornalista é “um bicho que se interessa por qualquer tipo de informação”, logo, essa curiosidade o permitirá conhecer as novas tecnologias.
A geração atual é blogueira e publica diversos conteúdos sem a rigidez da apuração jornalística. Isso é um risco futuro para o jornalismo?
Não, desde que todos atendam aos princípios do jornalismo, em destaque a ética e responsabilidade. Devemos ter muito cuidado com o “primeiro se publica, depois apura”, que caracteriza uma mudança na mentalidade dos profissionais das novas mídias. 

Mudanças no currículo de Jornalismo da UFF geram debate acalorado

Marco Vito Oddo e Maria Eduarda Chagas

     A mudança curricular da habilitação de Jornalismo do curso de Comunicação da UFF foi tema da primeira mesa do Controversas, no terceiro dia do evento (11/11). Representada na ocasião pelas professoras Denise Tavares e Larissa Morais, e apoiada pelo professor Ildo Nascimento, a Comissão propôs alterações no fluxograma, retirada de disciplinas obrigatórias e inclusão de novas disciplinas. Opiniões divergentes apareceram entre alunos de diversos períodos do curso, que compunham a platéia de um dos debates mais controversos da Semana de Jornalismo.
     Apesar de todas as divergências, os envolvidos no debate concordaram que a proposta de mudança deve oferecer uma formação humanística, interdisciplinar e com prática laboratorial e espaço para a pesquisa, conforme defendeu a professora Denise. O currículo proposto pretende equilibrar o número de disciplinas teóricas, teórico-práticas e laboratoriais, mas ele ainda não é definitivo. A principal conclusão por enquanto é a necessidade de novos debates sobre o assunto.
     Comissão rejeita formação técnica - Outro ponto importante levantado foi a relação da universidade com o mercado de trabalho, já que um dos objetivos da academia é formar profissionais capazes de atuar na sua área. Esse contato com o mundo profissional, entretanto, não deve impedir a independência das instituições de ensino. Para a professora Denise, a universidade deve levar o mercado em conta, mas não deve proporcionar um curso de perfil técnico. “Deve-se abrir espaço para a criatividade, a vontade de ser diferente”, disse.
     A retirada da disciplina Seminários de Poder e Política do quadro de disciplinas obrigatórias foi questionada pela maioria dos alunos presentes. “A disciplina é essencial para a formação do jornalista”, afirmou o aluno André Coelho, do segundo período. A substituição de Realidade Socioeconômica e Política Brasileira por História Contemporânea do Brasil também foi criticada, devido à diminuição da carga-horária, que passaria de 60 horas semestrais para 30 horas. No entanto, algumas propostas de exclusão agradaram os alunos. Com uma salva de aplausos, os alunos demonstraram satisfação pela retirada da disciplina Teoria da Percepção.
     Peso da Linguística deve ser reduzido - A maior polêmica surgiu em torno das disciplinas de Linguística. O atual currículo possui três Linguísticas, enquanto o proposto pela Comissão teria apenas duas. Alunos do segundo período protestaram contra o número, ainda considerado excessivo pela turma. Estudantes de outros períodos defenderam a permanência da estrutura atual, já que a Linguística removida do fluxograma seria a disciplina introdutória, necessária para o entendimento das outras duas.
     Mesmo que nenhuma resposta definitiva tenha sido alcançada nesse tópico, a discussão serviu para identificar problemas gerais enfrentados pelos alunos, e para esclarecer o funcionamento das disciplinas ministradas por outros departamentos. O professor João Batista explicou que não se pode mudar ementas externas, um dos focos de queixas dos estudantes. A única opção do departamento seria incluir ou não uma disciplina já existente, ou criar uma disciplina aplicada à comunicação. João também se posicionou contra a retirada de disciplinas externas. “A gente tem que lembrar que está em uma universidade, e se não houver troca com outros departamentos, vira um ‘escolão’”, explicou.
     Alunos reclamam de disciplinas oferecidas por outras unidades - Para a professora Denise, um dos motivos para a insatisfação dos alunos com disciplinas externas seria a falta de conhecimento das ementas, e, consequentemente, a falta de cobrança para que elas se cumpram. “O aluno deve conhecer a ementa e brigar por ela”, acrescentou. E mais do que conhecer as ementas, os alunos devem participar da reformulação das ementas e da grade curricular. “É fundamental que essa discussão seja ampliada entre vocês", afirmou o professor Ildo Nascimento.

O quórum manteve-se forte no dia em que a Controversas discutiu mudanças curriculares


     A ideia de realizar uma mesa com esse tema partiu da Comissão, composta pelos professores Alceste Pinheiro, Sylvia Moretzsohn, Denise Tavares e Larissa Morais. O objetivo era aproveitar o espaço da Primeira Semana de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense para apresentar as propostas da Comissão, e ouvir a opinião dos alunos sobre as mudanças.
     Como forma de ampliar a participação dos estudantes, a Comissão convidou todos os períodos a discutirem entre si, e escolherem dois representantes de cada turma. Uma solução para a reforma curricular só poderá ser dada depois de muita discussão, e apenas poderá ser satisfatória se incluir a opinião de professores e alunos. “Vocês devem se engajar. Vale a pena vocês participarem”, concluiu Denise.


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cobertura via Twitter

Não conseguiu acompanhar a cobertura da Controversas pelo twitter? Então, veja aqui no blog o que aconteceu por lá!


Cobertura Política:

Chico Otávio: Blogs e twitter bombaram e evidenciaram a importância da velocidade na cobertura das eleições.
Chico Otávio: Achei fonte do Chile pelo facebook para reportagem sobre a prisão do Serra, em 1973.
"Nessa eleição houve exageros brutais, como qdo se fala em censura à imprensa brasileira", José Luiz.
"Um lado triste dessa eleição foi a quantidade de baixarias, boatarias que circularam na internet", José Luiz.
"Cobertura das eleições foi marcada sim por manipulação e censura de donos de jornais comerciais", Paula Máiran.
"Fontes, abordagem, recorte, lead variam de acordo com o interesse de grandes empresas", Paula Máiran.
Paula Máiran: "Por causa da Internet, Plínio ganhou espaço na grande mídia, mas foi apresentado com uma figura pitoresca".
Paula Máiran: "O Freixo tem espaço para o que atende aos interesses da mídia. Ele aparece como contraponto”.
Paula Máiran: Seria mais didático e pedagógico uma reforma na cobertura de campanha que desse espaço a todos os candidatos.
Chico Otávio: Hoje o repórter tem que saber se pautar, dialogar com as novas mídias e ter capacidade de se editar.
Paula Máiran:O pior tipo de censura que vigora hoje no jornalismo é a autocensura.

Cobertura Esportiva:

Gilmar Ferreira: "Eu tenho alma de repórter, gosto de notícia e onde ela estiver eu vou. É isso que faço no esporte".
Eduardo Tironi: "A essência do hard news está na cobertura de cidades".
"Não importa a área em que você trabalha. Jornalismo é jornalismo! Você tem que trabalhar com a verdade sempre" - Eduardo Tironi.
Manoela Penna: "Mulher também faz jornalismo esportivo."
"Meu pai é jornalista, minha mãe é jornalista, meus padrinhos são jornalistas... Não tinha como escapar!", Manoela Penna.
"Esporte parece ser especializado, mas, na verdade, é preciso a saber um pouco de tudo: de Medicina a Direito", Manoela Penna.
PC Vasconcelos: "Descobri que gostaria de ser jornalista pois tinha um conflito com uma palavra: segredo."
PC Vasconcelos: "O esporte é um universo muito rico para se contar histórias."
Manoela Penna: "O esporte hoje é protagonista da história do Brasil".
Eduardo Tironi: "Está nas mãos dos jovens fazer um jornalismo esportivo mais denso, melhor".
Gilmar Ferreira: "Os jornais hoje se transformaram em uma grande revista".
Eduardo Tironi: "Eu vi na mídia as mesmas histórias do Pelé de quando ele fez 60 anos".
PC Vasconcelos: "O brasileiro não gosta de outros esportes (além do futebol), ele gosta de vencer".
PC Vasconcelos: "Ninguém quer saber em quem votou o colunista político, mas td mundo quer saber para q time torce o comentarista esportivo".
Gilmar Ferreira: "Assessor de imprensa para mim é inimigo, ele mente, ele esconde a notícia, de assessor de imprensa não tem nada".
"O conselho que eu dou é: leia sempre, e leia mais que as 140 linhas do Twitter", Eduardo Tironi.

Mercado de Trabalho:

A mediadora da mesa, prof. Larissa abre com a pergunta: qual é a realidade do mercado de trabalho nas respectivas empresas dos participantes.
Thomas Traumann: "A informação chega de forma diferente hoje, as pessoas que produzem informação, tem que pensá-la e distribuí-la de forma diferente".
Thomas Traumann: "As empresas, por exemplo, vão precisar cada vez mais cuidar da imagem\reputação. Repensar a comunicação on-line e utilizar as novas mídias”
Thomas Traumann: "Os meus clientes são uma grande coorporação. Ignoravam a comunicação com o público e perderam, por exemplo, pessoas que queriam trabalhar lá".
Solange Duart: “Quanto mais jornais de qualidade, melhor para os profissionais. Agente achou que com a internet, o emprego ia diminuir, mas não é isso".
Solange Duart: "O problema que eu percebo é que muita gente que entra, não sabe ler. Para o jornalista isso é fundamental. Precisa estar antenado"
Solange Duart: "Leêm o que interessa para vocês, ou o que não interessa também."
Solange Duart: "Converse com os profissionais mais antigos, mesmo que você não concorde, escute. Pessoal da comunicação não pode ser arrogante"
Solange Duart: "Escutem, tenham paciência... meninas, por favor, mini saia, decotão é lindo, mas não funciona num jornal... você tem que se impor"
Solange Duart: " O mercado de trabalho é uma gangorra, então tentem fazer sempre o melhor, porque a mobilidade de trabalho é o que contribui.."
Marianna Araujo: "Ao pensar a comunicação, não tem como passar impune pela desigualdade".
Marianna Araujo: "Precisamos refletir criticamente sobre os interesses que pautam a nossa profissão".
Marianna Araujo: "As chacinas, por exemplo, não são chamadas no jornal como chacinas, e sim como operação da polícia. Eu me liguei às iniciativas das favelas".
Marianna Araújo: "Editoria Rio de jornal é, na verdade, editoria de polícia".
"Há vida fora do mercado." Marianna Araújo, jornalista do Observatório das Favelas.
Nelson Moreira: "Há um crescimento em oportunidades em assessorias, o que vejo como positivo"
Nelson Moreira: “Um estudo de 2005 mostra que a média salarial dos jornalistas no Rio de Janeiro é de 5 mil reais.”
Nelson Moreira:"O mercado de trabalho é muito mais ameaçado pela questão da formação humanística para exercício da profissão", diz Nelson.
“Precisamos lutar pela obrigatoriedade do diploma", analisa Nelson.
Nelson Moreira: "Muitas empresas utilizam estagiários como mão-de-obra barata, tirando emprego dos profissionais formados".
Nelson Moreira: "A exigência do diploma de jornalista é muito importante não só para o mercado, mas para toda a sociedade”
Solange Duart: "Boa parte dos jornais são, sim, elitistas".
Marianna Araújo: "A mídia comunitária tem o seu papel a cumprir".
Nelson Moreira: "Os donos de meio de comunicação não querem controle".
Solange Duart: "Sou contra o controle, pois o telespectador já é responsável por isso".



Perspectivas para o Jornalismo:

Rosental Calmon: Mais do que uma simples maquiagem nós estamos diante de uma transmutação dos meios de comunicação tradicionais.
Rosental Calmon fala sobre a nova lógica da era digital: "fundamental agora é pensar em rede".
Rosental Calmon: O jornalista agora flui a notícia. Ela existe independente dele.
Rosental Calmon: É necessária a transformação das redações de plataformas monomídia para centros de produção multimídia.
Olívia Bandeira: "Existe uma grande parcela da população que está excluída do que estamos debatendo aqui."
Olívia Bandeira: "Temos uma velocidade e quantidade de informação que é mais valorizada que a qualidade"
Olívia Bandeira: "Temos uma série de mudanças na questão da difusão da internet, que favorecem a descentralização da produção"
Orivaldo Perin: "Cinco anos atrás os jornais impressos tinham certeza de que iam morrer."
Orivaldo Perin: "O jornal impresso ainda é a vaca leiteira de toda a imprensa mundial".
Orivaldo Perin: "A curva de audiência não coincide com a curva de presença na redação".
Risoletta Miranda: "O que é jornalismo hoje?"
Risoletta Miranda: "Ink Generation: as pessoas adotam produtos pela marca e pelo que ela representa".
Risoletta Miranda: "O novo jornalista não tem padrão, tem uma nova plataforma e uma audiência"
Orivaldo Perin: "Pra ser jornalista, hoje em dia, não precisa estar numa redação. Há blogs muito bons".
Orivaldo Perin: "A internet abriu oportunidade pra todo mundo. Você pode começar em casa o exercício de escrever".

O mercado hoje, na perspectiva de ex-alunos da UFF:

Ana Paula Costa, coordenadora de ficção da editora Record, elogia professores do Iacs.
Júlio Lubianco: O estudante não deve ficar preso ao que está na aula!
"Voltei para dizer que nem sempre se precisa de QI p ingressar na carreira de jornalismo", Herica.
"Para o mercado, a UFF está mto bem, eu senti isso na minha experiência", Herica
Colin Vieira se formou no ano passado na UFF e trabalha no SPORTV, "A UFF despertou meu senso crítico (...)".
" (...) quando me pedem pra fazer algo errado, eu penso a respeito", diz Colin Veira.
Mariana Costa, repórter do portal R7: "Só guardo boas lembranças da UFF, foi a escolha mais acertada".
"A UFF me deu uma capacidade sair do lugar comum, os alunos da UFF possuem um outro olhar", diz Mariana.
Mariana: "Eu precisava trabalhar, não nasci em berço de ouro e nem todos entendiam.Tenho boas lembranças".
"Aproveitem o máximo pra trabalhar com diferentes mídias, pois depois vocês terão que 'rezar conforme a cartilha'", diz Che.
Che Oliveira: "Em relação à formação que vocês tem hoje na UFF, depende muito mais de vocês do que da sigla da faculdade".
Mariana dá dicas sobre estágios: "Sejam cara de pau, enviem seus currículos, busquem oportunidades. O rádio é uma grande escola!"
"No mercado há um acúmulo de funções e extinção de algumas outras, você acaba sendo engolido pela cobertura factual", analisa Mariana.
"É uma rotina extremamente cansativa, o repórter sofre pressão de todos os lados", diz Mariana.
Colin: "O Fluminense foi uma experiência muito importante, no primeiro dia de estágio já cheguei fazendo apuração".
"Fui para a França e vi que o mundo existia além do Jornal Fluminense", afirma Colin.
"Descobri a televisão, trabalhar com imagem foi uma coisa fascinante", diz Colin.
Lubianco: quando eu entrei no JB, na teoria eu era estagiário, mas na prática eu era um repórter mal pago.
"Era flamengo, mas nem gostava tanto de futebol. Uma colega me chamou pra estagiar na Suderj e eu fui", Herica Marmo.
"Fui pro Fluminense querendo crescer mais que aquilo ali, com vontade de aprender", Herica Marmo.
"Dps participei da seleção pro Extra, q nao tinha nem nome, era chamado de JPop", Herica Marmo.
Ana Paula: "Achava que Assessoria era uma coisa chata, tédio, mas você tem que estar preparado para tudo".
"Existem outras coisas que você pode fazer no Jornalismo, não se prenda a TV e jornal, tenha a mente aberta para outras opções", Ana Paula.
"Trabalhei em assessoria e não tive muito trabalho. Quando fui pra redação, foi um inferno, e tive que me adaptar", Che Oliveira.
"Hoje em dia, o mercado exige que a pessoa esteja conectada, que ela saiba trabalhar com várias mídias", Che Oliveira.
"Apesar de todas as novas tecnologias, a principal ferramenta é a língua portuguesa", Lubianco.
"A principal ferramenta com a qual devemos saber trabalhar é a própria língua portuguesa", Júlio Lubianco.
A aluna Ana Carolina diz sobre o Controversas: "Aqui temos a oportunidade de confrontar o que aprendemos na faculdade e no mercado”.
O aluno Matheus Gifloni diz sobre o Controversas: "É a hora de discutirmos as questões do jornalismo com pessoas que estão no mercado".
O aluno Mario Cajé sobre o Controversas:"O evento está fazendo jus ao nome. Debate e apresentação de opiniões distintas. Isso é muito bom".
"De onde menos se espera, sai um bom contato", Che Oliveira.
"Não importa o que você faz, não perca o senso crítico", Che Oliveira.
"Aproveite todas as oportunidades que aparecerem na sua frente", Herica Marmo.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Veja o que os alunos acharam da Controversas

“Eu gostei muito da Controversas e, na minha opinião, por ser o primeiro ano, foi bem organizado. Além disso, foram convidados profissionais muito qualificados, o que tornou o evento ainda mais interessante. Outra coisa legal da semana de jornalismo foi a cobertura em tempo real, tanto no twitter quanto no facebook.” 
(Sandra Amâncio, 19 anos, 2º período de jornalismo)


O que mais me chamou atenção na Controversas foi a discussão sobre a grade curricular, pois os alunos puderam expor as suas opiniões. Acho que não deveria haver apenas uma semana de jornalismo e sim uma semana para cada área de conhecimento. Esse é um espaço para aprender e trocar experiências.
(Júlia Garcia, 19 anos, 4º período de jornalismo)

Gostei muito da Controversas e acho que o evento fez jus ao nome, com bastante debate e opiniões heterogêneas. Acho que, para o próximo ano, o evento tem que manter o nome e fixar uma identidade, para que possa se difundir  e trazer alunos de outras universidades.
(Mario Cajé, 21 anos, 2º período de jornalismo)


Durante a semana de jornalismo tivemos a oportunidade de estar em contato com profissionais que estão no mercado, o que é muito importante para quem está começando. A Controversas é a oportunidade que temos de confrontar o que aprendemos na faculdade com o que vamos fazer no mercado.
(Ana Carolina Mascarenhas, 19 anos, 3º período de jornalismo)

Achei o evento muito organizado e as discussões bastante pertinentes. Gostei também do espaço aberto às perguntas, achei importante e enriquecedor. A iniciativa da semana de jornalismo é muito boa, pois podemos discutir questões relativas a nossa carreira com pessoas que estão no mercado. 
(Matheus Gifloni, 18 anos, 2º período de jornalismo)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Fotogaleria: o mercado de trabalho na visão de ex-alunos da UFF


Mariana Costa (R7), Collin Vieira (SporTV), Júlio Lubianco (CBN), Ildo Nascimento (UFF), Herica Marmo (Extra Online) e Ana Paula Costa (editora Record): ex-alunos contaram suas experiências.

Ana Paula Costa: há espaço para jornalistas também no mercado editorial.

Já no primeiro estágio, Hérica Marmo teve facilidade para  cumprir as funções de repórter. Ela enfatizou que indicação não é condição essencial para se conseguir entrar no mercado de trabalho.

Mariana Costa, ao lado de Collin e Lubianco: visão crítica foi legado dos anos de UFF.  

Che Oliveira, da Band: o estudante precisa saber criar as próprias oportunidades.


fotos: Luciano Ratamero

Fotogaleria: o futuro do jornalismo em discussão


Olívia Bandeira (Intervozes e Overmundo), ao lado de Orivaldo Perin (O Globo), João Batista Abreu (UFF) e Risoletta Miranda (FSB PR Digital), apresentou dados sobre a concentração do mercado de comunicação no país e defendeu que haja "algum nível de regulamentação" do jornalismo. O quinto participante da mesa foi Rosental Calmon Alves, que falou via teleconferência.

 Risoletta Miranda lembrou que a Internet mudou nosso modo de se informar, de comprar, de ler e até de tropecar: hoje as pessoas caem mais enquanto acessam seus iphones.

Orivaldo Perin (de branco): hoje o estudante pode começar a publicar por conta própria, nos blogs. "Internet é um soco da arrogância do jornalista; ele hoje precisa levar em conta o que o leitor pensa.
fotos: Luciano Ratamero

Mercado de trabalho em discussão


Marianna Araújo (Observatório das Favelas), Solange Duart (O Globo), Larissa Morais (UFF), Thomas Traumann (FSB) e Nelson Moreira (Sindicato dos Jornalistas do Rio) participaram de um acalorado debate sobre o mercado de trabalho de jornalismo. Palestrantes concoradaram que o mercado de assessoria de imprensa é o mais promissor, hoje. Mariana Araújo lembrou que há campo de atuação fora da grande imprensa.

foto: Marcos Abreu

Fotogaleria da mesa sobre jornalismo esportivo

Roberto Falcão (UFF, de blusa marrom), coordenou mesa redonda sobre jornalismo esportivo composta por Paulo César Vasconcellos (SporTV), Manoela Penna (Media Guide), Eduardo Tironi (Lance!) e Gilmar Ferreira (Rádio Globo)
- na sequência, da esquerda para a direita.


Alunos da UFF aproveitaram o contato com os craques do jornalismo esportivo 
para tirar dúvidas sobre o dia a dia de cobertura e saber como se consegue 
entrar nesse disputado espaço. 


PC Vasconcellos contou que a rotina da profissão não é fácil: "A gente trabalha muito nos fins de semana. Você sai do churrasco quando a carne está crua e a cerveja quente, e volta quando a carne está tostada e a cerveja acabou."

Gilmar Ferreira (à direita), ao lado de Tironi e Falcão, diz que não se sente jornalista esportivo e sim um jornalista que atua em esportes: na profissão, é preciso ser versátil.

A UniTevê transmitiu ao vivo o debate.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fotogaleria da nossa controversa mesa sobre Política

 Chico Otávio (O Globo), ao lado de Denise Tavares (UFF) e José Luiz Alcântara (Estadão), abriu o debate ...
... sob os olhares atentos dos alunos da UFF.

 Repórter especial do Globo, Chico Otávio expôs seu trabalho na cobertura das últimas eleições. Facebook ajudou a encontrar fonte que ajudou a remontar pisódio ocorrido há mais de trinta anos, no Chile.

Alcântara, responsável pela sucursal do Estadão no Rio, lembrou que a Internet foi meio de disseminação muitas informações falsas nas últimas eleições.

 
 Paula Máiran, assessora de Marcelo Freixo, chegou depois e esquentou as discussões.Para ela, houve, sim, mmanipulação de informações na cobertura das eleições 2010.

Auditório cheio: os primeiros períodos de Jornalismo compareceram em massa.

Participação dos alunos foi ponto forte do evento, que vai até amanhã no auditório Macunaíma - bloco B do Campus do Gragoatá. 

fotos: Larissa Morais

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

“Nunca escondi o fato de ser comunista”


Anabel Moutinho

Che Oliveira revela que sua posição política não lhe causa conflitos na emissora onde trabalha atualmente como repórter (Band), mas que em outras emissoras pelas quais passou não foi bem assim. Ex-aluno da UFF, Che divide conosco ensinamentos e decepções profissionais que viveu desde a época de faculdade até hoje.

Você integrou o  DA (Diretório Acadêmico)
, esteve na luta contra muitos atos praticados pela mídia hegemônica. Como foi pra você passar, digamos assim, para o "lado de lá"? Você teve muitos conflitos? 
Fui do Diretório Acadêmico ainda no primeiro período da faculdade, fazendo parte, inclusive, da 1ª Semana Acalorada, no segundo semestre de 1995. Por sorte, meu primeiro estágio (e consequentemente primeiro emprego) na chamada "Grande Mídia" foi na TV Bandeirantes, onde nunca tive (nos três períodos em que passei por lá, inclusive o atual) problemas de cerceamento, censura ou balizamento da filosofia da empresa em relação às coberturas das quais participei, fossem elas policiais, culturais ou políticas.

E em outras empresas?

Tive a oportunidade de passar por outras empresas (Globo, Rede Tv! e Record) nas quais a postura não era a mesma. Conflitos sempre há, discussões são inevitáveis mas o profissional deve saber ter o conhecido 'jogo de cintura' para não se perder no romantismo ideológico. Afirmo isso com a maior tranquilidade porque nunca escondi o fato de ser comunista, filiado do PCB desde o final da década de 1990 (antes de entrar para a UFF, inclusive) e usava o broche do partido, inclusive, nas mochilas usadas para guardar meu material de trabalho. Nunca me vi diante de um paradigma ético que me obrigasse a tomar uma atitude mais drástica. Para se ter uma idéia, eu, sendo Che Oliveira, fui escalado para fazer a cobertura da visita do líder cubano Fidel Castro à cidade de Niterói pela Band.

Você saiu da Faculdade um repórter completo porque fazia câmera também. Seu primeiro trabalho como profissional foi de réporter-abelha. Você poderia contar um pouco dessa sua primeira experiência e como foi que você conseguiu esse trabalho?

Em 1997, a Band decidiu contratar um vídeo-repórter nos moldes da CityTv, uma emissora canadense que só transmitia notícias locais com uma equipe de jornalistas multimídia. O formato foi explicado à toda redação e testes feitos com repórteres, editores e até cinegrafistas interessados. Foi difícil encontrar uma linguagem que fosse diferente do tradicional off-passagem-sonora e que não se assemelhasse aos planos sequência usados pelo extinto telejornal "Aqui Agora", do SBT, e que hoje são reproduzidos principalmente pela Record.

E depois?
Eu, estagiário, decidi aprender a dominar uma máquina gigantesca, uma DVC PRO Panasonic, e produzi uma pauta por conta própria. Aproveitei o fato de ter sido estagiário na assessoria de Imprensa da ANDEF (Associação Niteroiense de Deficientes Físicos) e descobri que um portador de deficiência (sem uma das pernas) iria competir como piloto na etapa Rio de Stock Car (corrida automobilística feita com automóveis de passeio usados em competições) no Autódromo de Jacarepaguá. Marquei, fiz a matéria, e editei. Acabei contratado na hora. Foi a única matéria inédita exibida na reestréia do Jornal do Rio em julho de 1998.

Conseguiu o que buscava, uma inovação na linguagem televisiva?
Acabei, sem querer, criando um formato novo: aproveitei que qualquer câmera trabalha com dois canais de áudio (geralmente um para entrevistas através de microfones e outro para captar o ruído ambiente, chamado de "boom" ou "BG", de "background") e coloquei dois microfones ao mesmo tempo - um de lapela ficava comigo, para registrar as minhas perguntas, narrações e intervenções; o outro, para entrevistas. Ajustava o foco através para controlar a distância entre mim e o entrevistado e, assim, eliminei a necessidade de deixar o microfone ou na mão do próprio entrevistado ou com uma terceira pessoa.

Tudo sozinho?
Eu fazia a função de cinco profissionais ao mesmo tempo - apurava, produzia, filmava, entrevistava e editava. Óbvio que as reações foram imediatas. O Sindicato dos Radialistas, principalmente, viram na iniciativa uma brecha para o enxugamento das redações, afinal, não seria mais necessário o cinegrafista. O que poucos entenderam é que se tratava de mais um formato, não de substituição às equipes tradicionais. Curioso é ver que, mais de dez anos depois, onde antes se via um carro de reportagem com motorista, auxiliar, cinegrafista e repórter, hoje se tem até cinegrafistas dirigindo o veículo da emissora, tendo como companhia apenas o repórter, sem nenhuma medida enérgica dos ditos representantes de classe. A experiência, curta, foi fundamental para a minha formação.

De que modo? 
Em pouquíssimo tempo, pude aprender todas as etapas de produção de uma matéria telejornalística antes mesmo de ser formado. Uma bagagem que vai me acompanhar pelo resto da vida. A grade curricular da UFF só me proporcionou contato com o mundo audiovisual graças à interação das habilitações em Comunicação Social, mas mesmo assim ressalvo que ela só acontecia graças ao interesse de cada aluno. Nunca fiz cursos complementares, tudo o que aprendi foi na base do "self-made man".

 Você que foi estudante de jornalismo na UFF acredita que a grade do curso prepara o aluno para o mercado ou ela apresenta deficiências. Se sim, quais?
Lembro-me de que, nas primeiras semanas de estágio na Band (1997), a única coisa que eu queria era sair da redação o mais rápido possível. O ritmo alucinante do veículo me assustou num primeiro momento. E isso se dava porque, na época, a UFF era muito direcionada para o meio impresso. A experiência dos professores em jornais de relevância dentro do cenário jornalístico de então, como o falecido Jornal do Brasil, se por um lado dava uma bagagem absurda de recursos linguísticos e de rigor na apuração (coisa que uso e abuso hoje, e que me dá um diferencial em relação à garotada que chega hoje só preparada para televisão), não vinha contrabalançada com meios técnicos (equipamentos mesmo) que pudessem preparar o estudante para a selva de uma redação de TV. Não sei como anda o preparo em relação às novas mídias sociais, que são ferramentas indispensáveis ( não únicas) para a tão sonhada sinergia entre os meios de comunicação, mas sem elas o profissional de Jornalismo fica refém de uma época que, além de não voltar mais, virou página de livros de memória.

Você costuma cruzar no seu meio profissional audiovisual com ex alunos da UFF? Se não, que motivo(s) você vê para isso não acontecer?
Raros, principalmente em TV. Mais uma vez consequência de, na época, pouca possibilidade técnica de experimentação na área.

Qual foi seu principal ensinamento depois que entrou no mercado de trabalho?

Ensinamento pleno: "Trate bem as pessoas na subida porque você vai encontrá-las na descida"

O quê você imaginava e nunca aconteceu ou saiu de forma diferente?
Decepção: o termo 'coleguinhas' para designar a classe jornalística é uma fraude. Deveria ser 'panelinhas'.


Che Oliveira vai participar da mesa "O mercado hoje, na perspectiva de ex-alunos da UFF". Será no dia 11( quinta feira) às 19h no auditório Macunaíma, bloco B, Campos Gragoatá- Niterói. Também participarão da mesa: Júlio Lubianco, Herica Marmo, Mariana Costa e Ana Paula Costa.



Che Oliveira nas Mídias Sociais: FacebookTwitter