quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Participação dos alunos foi destaque do Controversas

Isadora Ancora e Rebeca Guio

A terceira edição do Controversas - que teve como tema "A reportagem de Cidade e de Ciência: duas faces do trabalho jornalístico" - contou com a participação de mais de 80 pessoas de dentro e de fora da UFF. A sala 11 do Instituto de Economia da Universidade, onde aconteceu o evento, ficou lotada.

Quem não compareceu ao ciclo de palestras, realizado nos dias 19 e 20 de outubro, pode acompanhar as discussões ao vivo pela WebTV da UFF ou ainda via Facebook ou Twitter. O perfil do evento nas redes sociais teve uma participação representativa de alunos, ex-alunos, professores e palestrantes. A página do Facebook já reúne 443 pessoas e hoje forma uma espécie de comunidade de amigos do evento, como disse a organizadora, Larissa Morais.

A Democratização da Comunicação foi o primeiro assunto a ser tratado e contou com a mediação da professora Denise Tavares. O jornalista Álvado Neiva, da Aduff, apresentou um pouco da história da regulamentação da Comunicação no Brasil, e enfatizou as distorções geradas nesse processo. Ele defendeu a criação de um marco regulatório para a Comunicação no país, e disse que um problema na defesa dessa ideia hoje é o modo como as grandes empresas de comunicação a apresentam ao grande público. Na mesma mesa, a jornalista Renata Souza falou da sua experiência na condução do jornal comunitário O Cidadão, da Maré.

A segunda mesa levantou polêmicas a respeito da cobertura policial, com destaque para a atuação do motorista Francisco Carlos Aleixo, do jornal Extra. “Fiquei impressionado com as histórias e, principalmente, com a importância que os motoristas têm para que as notícias saiam nos jornais”, afirmou Christiano Venturine, aluno do sétimo período da Estácio de Sá. No final do dia, o foco foi o Jornalismo Científico, que contou com o professor João Batista de Abreu como mediador.

O segundo dia começou com a mesa Reportagem na Geral. Dentre os palestrantes estava outro motorista, Nilson Provitte, que explicou os bastidores de uma cobertura. E para fechar o evento, a mesa Pratas da Casa gerou grande expectativa para os estudantes de jornalismo por reunir ex-alunos da UFF já inseridos no mercado. Jéssica Nery, do 5º período, resumiu a satisfação de estar entre os jornalistas: “É muito bom ver que estamos no caminho certo e que podemos ir longe com a base que temos”.

Feliz com o sucesso do evento e com os temas abordados, a estudante Ana Carolina Mascarenhas, que fez parte da produção, ressaltou a importância de transformar o Controversas UFF em um Projeto de Extensão da faculdade: “ter tempo e capital para planejar melhor é fundamental para que possamos garantir o crescimento do Controversas”. Com o apoio da Fundação Euclides da Cunha, foi possível investir em brindes e nas despesas relacionadas ao evento.

A professora Larissa Morais destacou a participação dos alunos como ponto forte. Não faltou quem fizesse perguntas interessantes aos convidados, acrescentando novos enfoques às discussões. Para ela, outro aspecto a ser destacado é a integração de diferentes disciplinas em torno da realização e cobertura do evento.

Mesa sobre Ciência fecha primeiro dia do Controversas

Raquel Amaral

Psicologia, Biologia e Medicina pautaram a última mesa do dia 19 de outubro. A partir do pedido da ex-professora da casa Erica Werneck, que propôs um jornalismo sem rótulos, as ciências foram tratadas pelos convidados como mais um estilo do vasto campo jornalístico. Outra palestrante, a premiada Alícia Ivanissevich comentou sobre as dificuldades de aprender a “traduzir” os textos que recebia: “foi preciso alinhar os estudos no Wellcome Centre for Medical Science com a prática jornalística para enfim entender e conseguir passar esse conhecimento para as pessoas”.

Ivanissevich também dividiu com os presentes a sua experiência com a revista Ciência Hoje: “estávamos interessados em trazer para o público leigo a oportunidade de discussões de pesquisas acadêmicas. Por isso, a troca de conhecimento entre jornalistas e pesquisadores é um dos pontos de destaque da publicação”. Atualmente, a jornalista é editora executiva da Ciência Hoje.

Já Heliete Vaitsman trouxe à tona um assunto bastante discutido atualmente nas matérias de Ciências: o uso indiscriminado de remédios para psicopatologias. Segundo a jornalista, “é preciso ter cuidado com o que se recebe das mãos de industrias farmacêuticas. Todos querem vender o seu produto e o jornalista, sem querer, pode contribuir para a automedicação. Os resultados podem ser desastrosos”, alertou. 
O único não-jornalista a compor a mesa, o professor Paulo Protásio completou a discussão mostrando o outro lado da cobertura de ciência. De acordo com ele, “a divulgação de pesquisas por parte dos jornais é um incentivo ao trabalho científico e permite a aproximação de leigos com o assunto. É a oportunidade de instigar a curiosidade dos leitores”, finalizou o engenheiro.

O professor João Batista, que mediou o debate, finalizou a apresentação lende uma carta da jornalista Ana Lúcia Azevedo. Convidada para participar da mesa, a editora de História e Ciência do Globo não pode comparecer porque sofreu um acidente e torceu o pé, mas escreveu se desculpando e contando um pouco da sua história no jornalismo.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Erika Werneck destaca sensibilidade e formação humanística como essenciais ao jornalista

Catherine Lira

Em entrevista ao Controversas, a jornalista e professora aposentada da UFF Erika Werneck conta sua história no jornalismo, como conheceu o Brasil de norte a sul pela profissão e ainda dá conselhos aos futuros profissionais da área diante dos novos desafios do mercado.


Onde estudou Comunicação e o que a motivou a escolher esta profissão? 
Eu escolhi ser jornalista quando tinha 14 anos de idade, vendo meu pai lendo jornais e comentando as notícias. Eu ficava fascinada e idealizava a profissão. Na minha cabeça de menina, nada poderia ser tão importante quanto informar as pessoas sobre os acontecimentos no mundo.

Em que ano completou sua graduação e há quanto tempo está no mercado? Por quais veículos passou? 
Comecei minha carreira em 1969, na Rádio Nacional. Eu me formei na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1972. Lá mesmo eu fiz mestrado em Comunicação Social, concluído em 1977.

Pode contar um pouco como foi sua primeira experiência profissional? 
Eu comecei a trabalhar como jornalista quando, nas redações, ainda predominavam os homens. Na Rádio Nacional, eu era a única jornalista mulher no horário em que eu trabalhava; das 19 à meia-noite. O dia foi horrível, porque eu não tinha experiência nenhuma e fui logo designada a escrever matérias para os radiojornais. As primeiras notícias que redigi foram rejeitadas porque não estavam escritas numa linguagem apropriada para o veículo. Tive de refazer todo o trabalho e, para isso, contei com a ajuda de profissionais experientes. Jamais vou esquecer o quanto eles foram atenciosos e pacientes comigo.

Para você, qual é o principal papel de um jornalista? 
Transmitir as informações com seriedade, correção, fidelidade e imparcialidade, e não perder de vista a ética.

Suas expectativas em relação à profissão foram alcançadas?
Foram sim. Eu comecei a trabalhar quando ainda estava na faculdade e desde então continuo atuando na profissão. Hoje sou sócia da empresa que criou, produz e mantém o portal Gente que Inova, que divulga notícias sobre inovação. São matérias escritas e também gravadas em vídeo.
Foi graças à minha profissão que eu conheci o Brasil de norte a sul. Foi graças à minha profissão que eu conheci a Antártica, onde permaneci durante um mês documentando, para a TV Educativa do Rio de Janeiro, os trabalhos dos cientistas brasileiros na base Comandante Ferraz.  E foi como jornalista que ingressei na UFF (por concurso público). Aqui fui professora adjunta, coordenadora da área de jornalismo, chefe de departamento, orientadora e membro de bancas de monografias.

Qual a importância de participar de um evento como o Controversas? Em que isso te acrescenta?
Para mim, é importante participar desse evento porque me traz de volta  ao ambiente do qual fiz parte durante 25 anos. Gosto de trocar ideias com outros profissionais da área e com os estudantes que serão meus futuros colegas. É gratificante, a gente aprende sempre em eventos como este.

Poderia resumir em poucas palavras, qual o segredo para ser um bom jornalista?
Um bom jornalista tem de saber escrever bem, tem de estar atualizado, ter boa formação humanística, ler muito e sempre, ter sensibilidade e não se considerar “dono da verdade”.

Qual é sua visão sobre o atual mercado em comunicação?
Eu ainda trabalhava na Rádio Nacional quando recebi um convite para trabalhar na  extinta TV Rio - naquela época, você ainda era convidada para trabalhar. Com a extinção da TV Rio, fui para o jornal O Globo. Nesses veículos, eu era repórter da editoria geral, fazia de tudo. Mas a minha estreia na editoria de ciências começou dez anos depois, com o programa de TV Nossa Ciência, da TV Educativa, em que fui trabalhar a convite do professor Nilson Lage. Trabalhei ainda na Rádio Eldorado (atual CBN), do Sistema Globo de Rádio; no Globo Ciência, na MultiRio; e criei, junto com a jornalista Dominique Ribeiro, o Núcleo de Difusão de Ciência e Tecnologia, da Faperj.  O mercado hoje em dia está muito diversificado. Há lugar para todo tipo de perfil. É preciso lembrar que o mercado de comunicação não se restringe aos veículos tradicionais, como jornais, TVs abertas e emissoras de rádio. Esse foi um avanço. Mas os salários, na maioria das vezes, são aviltantes.

Quais são suas perspectivas para o futuro?
Como eu ainda espero viver muito, pretendo continuar trabalhando e acompanhando as inovações nas mais diversas áreas.

Encontro com ex-alunos foi ponto alto do segundo dia de evento

João Luiz Coutinho


A última mesa do Controversas – Experiências da Prata da Casa – encheu a sala 11 do Instituto de Economia na noite da última quinta-feira (20/10). Nela foram debatidos diversos temas que interessam em especial aos alunos de Jornalismo. Dúvidas quanto ao mercado de trabalho e à rotina jornalística foram esclarecidas pelos convidados.


O professor de jornalismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) Alceste Pinheiro mediou a mesa. Estiveram presentes os ex-alunos da UFF Ana Lúcia Valinho (trainee do Globo); André Kano (assessor de imprensa da FSB); Carol Barcellos (repórter de Esportes da TV Globo); Danielle Cristine (analista de marketing das lojas Leader); Fabiane Moreira (assessora de imprensa do Governo do Estado do Rio) e Marcos de Vasconcellos (repórter freelancer da Folha de São Paulo).


As apresentações marcaram o início do debate. Os convidados contaram um pouco de suas trajetórias: o primeiro estágio, o primeiro emprego, as conquistas e os obstáculos. O consenso é que todos estão satisfeitos no lugar onde hoje trabalham.


Na segunda etapa, a pergunta feita pelo mediador sobre o que faltou na formação acadêmica dos convidados trouxe respostas bem diferentes. Um problema apontado por diferentes debatedores foi a falta de um espaço em que os alunos pudessem experimentar formas novas de se fazer jornalismo – pôr novas ideias em prática para ver se funcionam, uma vez que não há tempo, nem chance ao erro, no mercado de trabalho.


Por outro lado, o que falta em prática, os alunos ganham em teoria. Os convidados, de modo geral, concordaram que o curso de Jornalismo oferecido pela UFF dá bastante importância à teoria. Para Carol Barcellos, assim como para Marcos de Vasconcellos, é a parte teórica que faz a diferença no mercado. Carol enfatizou o quão desregrado é o dia a dia do jornalista e deu a dica: “É tempo agora de controlar a ansiedade e aproveitar o que a faculdade oferece”.
Comentaram também sobre a falta de disciplinas abordando o trabalho nas chamadas mídias sociais, quando fizeram o curso. Por se tratar de um nicho novo, alertaram para um mercado que está em alta e que promete empregar muita gente ainda.


A mesa, seguida em tom descontraído, correspondeu às expectativas. Os presentes que lotaram a sala ficaram até o último minuto e os ex-alunos convidados se mostraram saudosos e contentes em poder retornar à faculdade que os formou.


Homenagem

Em um breve intervalo, o professor Alceste recebeu homenagens de alunos e professores. É que o professor irá se aposentar no final do ano. Emocionado e sem ter o que falar, Alceste agradeceu e prometeu visitar os alunos de vez em quando no Instituto de Artes e Comunicação Social (Iacs), onde atualmente leciona.

Controversas aborda cobertura de polícia nos jornais cariocas

Isabel Muniz


“No Rio de Janeiro o jornalista de polícia é, infelizmente, tão importante quanto o de economia e política em Brasília”. Esta frase foi dita durante a terceira edição do Controversas pelo editor de Cidade do jornal Extra Fábio Gusmão, que participou da mesa sobre a cobertura policial. Os participantes do debate no dia 19 dividiram suas experiências e contaram como são vistos pela sociedade em geral e no próprio meio de trabalho.


Gusmão trouxe exemplos de reportagens suas que ganharam prêmios e tiveram notoriedade internacional, como a da senhora que filmava o tráfico da janela de casa em Copacabana e uma em que entrevistou Fernandinho Beira-Mar. O editor afirmou que adora o que faz, mas não escondeu a frustração que sente quando casos são apurados, há provas e nada é feito. “Às vezes muitas coisas acontecem, mas não é por falta de denúncia”.


A redatora da Secretaria de Redação do Globo Solange Duart, que trabalhou durante anos neste tipo de cobertura disse que “o repórter de polícia é tido como um repórter menor, de menos importância.” A jornalista contou ainda que por ser mulher, sofreu preconceito no meio e deu dica de como se deve driblar isso: “A mulher tem que ter um comportamento mais ponderado”.


Para o repórter do Jornal do Commercio Márcio Beck este tipo de cobertura é importante para a formação do jornalista. De acordo com ele, repórter de polícia é mais questionador, não acredita cegamente no que uma fonte diz. “O detector de mentiras do repórter policial é mais apurado do que o dos outros tipos de jornalistas”.


A mesa sobre a cobertura de polícia também contou com a participação de Carlos Aleixo, motorista aposentando do Extra, que já fez muitas viagens com Fábio Gusmão. Todos os jornalistas no debate foram unânimes quanto à importância dos motoristas de redação nestes tipos de matéria, já que eles entram nas favelas junto com os repórteres, se arriscam do mesmo jeito e até ajudam na obtenção de informações. “O motorista é o segundo olho do repórter, do fotógrafo”, destacou Aleixo.




Márcio Castilho, Carlos Aleixo, Fábio Gusmão, Márcio Beck e Solange Duart

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Participantes do Controversas elogiam o evento

Laís Ramos


"O Controversas se torna, a cada edição, a maior oportunidade para o debate jornalístico na UFF. É onde nós temos chance de interagir com profissionais e professores de forma ampla e clara. Parabéns a todos os organizadores! Aguardo a edição 2012!" - André Coelho, aluno do 4º período de Jornalismo

"Gosto de jornalismo policial e meu amigo comentou sobre o Controversas. Achei muito legal porque a nossa área carece de eventos assim. Precisamos de algo para nos espelhar e os palestrantes nos deram novas visões da profissão." - Juliana Prado, aluna do 4º período da Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA)

"Todas as edições do Controversas tiveram o seu brilho. Nesta edição, gostei muito da mesa sobre a cobertura de polícia, pois mostrou as contradições da cobertura além das relações entre jornalista e fonte. Também me emocionei com os relatos dos repórteres sobre a cobertura da tragédia na Região Serrana na mesa Reportagem na geral." - Bruno Sarmet, aluno do 6º período de Jornalismo

"O evento é bastante importante porque traz para os alunos histórias e experiências dos profissionais da área. É bom para rever colegas e professores além de conhecer o trabalho de outros jornalistas." - Luiz Guilherme Fernandes, formado em Jornalismo pela UFF

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Um bate-papo pelo Facebook com Danielle Cristine, ex-aluna da UFF

Jéssica Nery

A última mesa do Controversas será a "Prata da Casa" e contará com a participação de ex-alunos da UFF. O objetivo desse debate é mostrar como está o mercado de trabalho. Formada em 2008, Danielle Cristine falará sobre suas experiências e conquistas profissionais.

Queria que você contasse um pouco sobre a sua entrada para a UFF...
A UFF com certeza transformou minha vida. Tinha 17 anos recém-completados quando terminei o Ensino Médio e ingressei na faculdade. Eu era o “chaveirinho” da turma na UFF, a mais nova (e continuo sendo na maioria dos lugares onde já trabalhei). (risos) Sou de Nilópolis, na Baixada Fluminense, e seria desgastante, caro e perigoso sair das aulas à noite e voltar para casa. Então lá fui eu morar com outras meninas em um pensionato perto da Cantareira. Além desta mudança física, a UFF me proporcionou uma série de outras transformações. Sem dúvidas, eu cresci muito nestes quatro anos de IACS.

Por que escolheu jornalismo? Em qual ano que se formou?
Entrei no 1º semestre de 2005, terminei em dezembro de 2008. Sempre tive uma queda pela área de humanas, e o jornalismo, por ser uma formação que abrange muitos destes conhecimentos (como diria aquela velha piada de que o jornalista é um especialista em generalidades), me atraía. Mas até o 3º ano ainda estava dividida entre tentar o curso ou Letras (Português-Inglês). Com 16 anos comecei a trabalhar, pois fui convidada a dar aulas de Inglês no curso onde estudei, e notei que, apesar de gostar da atividade, não desejava investir na carreira. Acabei optando pelo jornalismo, que foi um tiro no escuro, de certa forma. Não conhecia absolutamente ninguém do mercado, não tinha parentes nem amigos que fossem da área e pudessem tirar dúvidas – ou contribuir no futuro para o famoso Q.I. (“quem indica”). Surgi do nada. Tive que aprender a andar completamente sozinha. Mas com certeza acertei na mira. Não trocaria minha formação.

Alguma história (situação) interessante (diferente, engraçada) dos tempos da UFF que queira dividir com os alunos de agora?
Uma situação engraçada (e um tanto polêmica) aconteceu mais ou menos no meio da faculdade. Engraçada agora, porque na época senti um misto de orgulho e raiva, ficando lisonjeada e revoltada ao mesmo tempo. Após um trabalho de uma determinada matéria, com uma professora que ainda não conhecia a nossa turma, fui surpreendida por uma nota baixíssima em um trabalho que foi realizado no laboratório, durante a aula. E ainda com um recadinho malcriado, dizendo que eu tinha que citar fontes. Isso sendo que eu era conhecida na turma – e entre os professores também – por ser extremamente meticulosa com isso, chata mesmo. Se eu cito alguém, cito a fonte. E ponto. E também não sou imatura para chegar à faculdade e copiar trabalho. Acho isso o fim da picada. Pois quando fui perguntar o que houve, fui acusada de plágio! Surpresa, perguntei quem eu tinha plagiado. Sem saber responder, ouvi que ela já tinha lido isso “em algum lugar”. Depois de muito argumentar e falar para ela sentar no computador e me mostrar a “fonte original”, ela subiu a nota para a média necessária para passar e finalizou: “Isso não é texto de aluno”. Fui embora com aquilo, se fosse hoje em dia, faria um escândalo, levaria aos professores que me conheciam. Acho que é a nota mais baixa do meu histórico. Mas tudo bem. Pois se “não era texto de aluno”, que bom! Significa que eu não me contento em entregar apenas o que esperam de mim. Acabou sendo um dos maiores elogios que recebi na minha trajetória acadêmica.

O que você fez depois que terminou a UFF e onde você está hoje?
Minha trajetória sempre foi na área de assessoria de imprensa e comunicação corporativa. Meu primeiro estágio foi na própria UFF, no Nucs (Núcleo de Comunicação Social), que funciona no prédio da reitoria. Depois estagiei na área de relações externas da TIM, em seguida na agência de comunicação Textual, e depois na TV Globo (CGCOM). Quando me formei e terminou meu estágio na TV Globo, fui contratada para fazer a assessoria de imprensa do Big Brother Brasil 9, em contrato temporário da TV Globo. Terminado o trabalho, segui para a agência In Press Porter Novelli, onde fui assessora do SporTV e do Globo Universidade por dois anos e meio. E acabo de trocar de empresa – e área! Estou há menos de um mês no marketing da Leader, conhecendo um outro ponto de vista da Comunicação.

Qual a sua expectativa para a mesa?
Fiquei muito surpresa com o convite! A minha saída da UFF é relativamente recente, não imaginaria estar de volta tão cedo e nesta posição de convidada, em um tipo de encontro que há pouco tempo eu acompanhava do outro lado da sala de aula. Quando recebi o convite da Sylvia, que foi minha orientadora, minha única preocupação foi a de realmente ter uma experiência relevante para compartilhar. Espero que o encontro seja proveitoso para os alunos, será um prazer fazer parte dele.

Um conselho para os jovens jornalistas?
O conselho que eu daria seria o que aquela minha história traumática do plágio inexistente ilustra. Nunca se contente com pouco. Alguns podem subestimar sua capacidade no meio do caminho, mas no final quem deve reconhecer, reconhece: você mesmo e quem mais valer a pena.

O Cidadão, um exemplo de Comunicação Comunitária que deu certo

Jéssica Nery

Renata Souza, palestrante da mesa sobre Democratização da Comunicação  (19/10, às 14h), falará um pouco sobre como a concentração dos veículos de comunicação e a tentativa de transformação social foram determinantes para a criação de formas de comunicação mais democráticas.

Esta comunicação que também pode ser chamada de: alternativa, participativa ou popular, e remete ao trabalho do jornal O Cidadão, no qual Renata trabalha. O Cidadão é um veículo de comunicação comunitária do Complexo da Maré que surgiu com a proposta de articular a capacitação dos moradores para atuarem e desenvolverem trabalhos jornalísticos. Além disso, a população da comunidade tinha a necessidade de saber sobre o que estava acontecendo na região, mas com uma abordagem popular, na qual os leitores realmente se sentissem próximos do que era retratado.


Segundo Renata, os veículos de comunicação convencional não publicam, da maneira como os moradores gostariam que publicassem, notícias sobre o cotidiano de suas comunidades. “As pessoas que moram nesses locais não se vêem representadas nos veículos convencionais de comunicação, pois estes, na maioria das vezes, só falam das comunidades quando o assunto é violência ou remoção”, explicou Renata em sua monografia.


A jornalista acredita que O Cidadão preenche a lacuna informacional deixada pela grande mídia, ao fornecer aos moradores informações relacionadas ao seu cotidiano, suas aflições e problemas. Além disso, o veículo funciona como prestador de serviços, fornecendo informações práticas para a população.

A direta participação dos moradores é algo bem interessante e peculiar neste veículo. As sugestões dos moradores são colhidas pelos repórteres através de telefones, e-mails, cartas e também com a presença física dos leitores na redação. Isso faz como que eles realmente se sintam parte do jornal. São literalmente a voz da comunidade.

http://ocidadaonline.blogspot.com/


Renata Souza fez graduação em Comunicação Social, nas habilitações jornalismo e publicidade, na PUC Rio. Há pouco concluiu o mestrado em Comunicação e Cultura, na Escola de Comunicação da UFRJ. Participa desde 2000 do projeto O Cidadão, começou como repórter e atualmente é coordenadora e jornalista responsável pelo projeto.

Alicia Ivanissevich aborda jornalismo científico no Controversas


Rodrigo Cunha


Alicia Ivanissevich trabalha há 23 anos com jornalismo científico. No currículo, tem prêmios invejáveis, como o José Reis, maior premiação da divulgação científica do Brasil, recebido em 2008. Mas a jornalista, que estará na mesa de Ciência do Controversas, dia 19 de outubro, conta que o amor pela área apareceu de repente: "Eu era estagiária na editoria de Economia, e surgiu a oportunidade de ir para a Ciência. Acabei me apaixonando", diz.

A chance em questão foi no Informe, hoje Jornal da Ciência. Lá, ela ingressou como estagiária, em 1985, e foi contratada depois de terminar a graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre 1992 e 1997, atuou como repórter especial e editora de ciência do Jornal do Brasil, onde ganhou uma menção honrosa do Convênio Médico Interclínicas, de São Paulo, por uma reportagem sobre câncer de mama. 

Nesse período, Ivanissevich recebeu uma bolsa do Conselho Britânico para aprimorar os estudos no Wellcome Centre for Medical Science, em Londres, durante seis meses. Após a experiência, que ela classifica como incrível, atuou como repórter na revista Ciência Hoje e, anos mais tarde, assumiu a função de coordenadora de reportagem. Atualmente, Ivanissevich é editora executiva da publicação, cargo que ocupa há 14 anos.


No começo da carreira, os termos técnicos e aparentemente complexos não assustaram a jornalista, que ressalta nunca ter enfrentado dificuldades de adaptação: "Seria pior se hoje eu trabalhasse numa editoria de Esportes", diverte-se, antes de emendar: "Para um bom repórter, o importante é ter um texto certo, conduzir bem uma entrevista e mostrar que quer aprender. Com o tempo, os termos técnicos são incorporados".

Por estar desde cedo na ciência, o caso de Ivanissevich chama atenção, já que a editoria normalmente não está entre as áreas preferidas dos estudantes de jornalismo. Além de reconhecer que o campo não é dos mais populares, ela não se mostra entusiasmada com o ensino desta cadeira nos cursos de jornalismo: "Como seria ensinar jornalismo científico? Sinceramente eu não sei. É algo em que você se especializa depois, na prática", afirma.

Sobre a participação no Controversas, a jornalista se diz empolgada: "Vou a muitos encontros deste tipo. Além disso, tenho contato com os estagiários da revista, então estou acostumada a lidar com jovens, bater-papo".

Ana Lúcia Valinho sua trajetória da UFF para O Globo

Mayã Furtado

Nesta quinta-feira, 20 de outubro, o “Controversas”, evento promovido por professores e alunos de Jornalismo da UFF com apoio da Fundação Euclides da Cunha, terá seu fechamento com a mesa que mais desperta a curiosidade dos universitários: “Experiências da Prata da Casa”. Recém-formados do curso compartilharão suas experiências no âmbito profissional, além dos desafios da jornada de um estudante de jornalismo recém-chegado no mercado de trabalho.


         A convidada Ana Lúcia Valinho, que atualmente está trabalhando como trainee na editoria Internacional do jornal O Globo, conta que em seu percurso estagiou em assessorias de imprensa e comunicação interna, além de ter feito parte da redação da Agência Brasil. Seu primeiro estágio foi na Editora da UFF: “Acredito que esse estágio foi fundamental para mim, abriu portas e me mostrou como é trabalhar, lidar com chefe, cumprir prazos e imprevistos.”

Ana Lúcia conta que sempre quis trabalhar em jornal impresso. Quando questionada sobre o prestígio do Globo, demonstra humildade: “As pessoas criam muito uma imagem idealizada, mas quando estamos de dentro naturalizamos a maior parte das coisas. Mas fico muito satisfeita de, logo no início da carreira, já estar tendo essa experiência.”

A ex-aluna também aproveitou a oportunidade de mobilidade para o exterior que a UFF oferece. Por intermédio da Assessoria Internacional passou sete meses na Università degli Studi di Siena, em Siena, na Toscana. “Foi a melhor coisa que eu já fiz na minha vida e recomendo a qualquer um. Aprimorei uma língua que quase ninguém fala no Brasil e isso pode ser um diferencial decisivo na nossa profissão. Estive em lugares que sempre estudei e quis conhecer, morei com pessoas completamente diferentes.” Além da enorme experiência pessoal adquirida, ela também enfatiza a importância do networking: “Já usei os contatos e amizades que fiz durante esse período para conseguir ajuda para pautas aqui no Rio”, finalizou Ana Lúcia.

Parte integrante da Agenda Acadêmica da UFF, o Controversas começa hoje e nesta edição terá como tema “A Reportagem de Cidade e de Ciência: duas faces do trabalho jornalístico”. Não fique fora desta! Para ver a programação clique aqui.

André Kano enfatiza a importância da formação acadêmica para o jornalista

Carolina Medeiros

André Kano se formou na Universidade Federal Fluminense em 2009 e, como a maioria dos alunos de jornalismo, não fazia idéia de como o mercado de comunicação pode ser amplo e diversificado. Depois de passagens pelos jornais O Fluminense e Jornal do Brasil, André recebeu uma proposta para trabalhar como assessor de imprensa na FSB, uma das grandes agências de comunicação do Rio. O assessor é um dos destaques da mesa “Prata da Casa”, que tradicionalmente traz ex-alunos da UFF para compartilhar experiências como os estudantes.

Convidado para falar sobre o mercado de trabalho no Controversas, na próxima quinta feira, dia 20, o assessor comenta que há um novo modelo de mercado profissional se formando: o das grandes assessorias de comunicação. De acordo com André, a fronteira entre jornalismo, publicidade, marketing e relações públicas está ficando cada vez mais tênue e a área se tornou um “manancial de contratações”. “Isso é motivado tanto pelo enxugamento das redações, com repórteres acumulando funções, como pelo intenso processo de profissionalização das assessorias de comunicação”, afirma.

O ex-aluno conta que seu primeiro estágio foi como repórter no jornal O Fluminense e que a experiência foi muito importante para seu desenvolvimento na profissão. André não aconselha ninguém a começar a carreira na assessoria. “Não conheço bons assessores que não tenham sido bons repórteres antes.” Para ele, a experiência da redação ainda é bastante valorizada e todo estudante deve procurar uma oportunidade de trabalhar na geral. “Meu primeiro chefe de reportagem, Eduardo Garnier, costumava dizer: quem cobre polícia faz qualquer coisa. E eu acredito que sim”, pondera. 

De sua passagem pelo IACS, André Kano se lembra claramente do contato com alguns professores como Sylvia Moretzsohn, Alceste Pinheiro, Ildo Nascimento e Suzana Barbosa, que foi sua orientadora durante a monografia. Ele destaca também as disciplinas de antropologia com César Augusto Ferreira de Carvalho e de semiótica, Renata Mancini. O assessor lamenta a pouca importância que o mercado dá para a formação universitária. “Trabalhei boa parte da minha carreira sem diploma, mas nunca deixei de valorizar a formação universitária que recebi”, afirma. 

O papel da universidade é um ponto importante de discussão, de acordo com André. Para ele, o mercado está em busca de uma formação técnica muito simplória. “Eu acredito que o papel da universidade é outro. O aprendizado universitário poderia focar muito mais na matéria prima do jornalismo: aprender a perguntar.” O assessor acredita que, além do conhecimento, a faculdade também é um espaço para conhecer pessoas e criar contatos. “Estabelecer uma rede de contatos de qualidade não é apenas necessário ao jornalista, mas a qualquer profissional.”


Liriane Rodrigues : "o rádio é uma cachaça"

Juliana Batista



Nem  em jornalismo eu pensava, quem teve a ideia do curso foi a minha mãe”. E assim Liriane Rodrigues, repórter da Rádio CBN, contou como começou sua carreira de jornalista. Ex-aluna da Universidade Federal Fluminense, Liriane vai compor a mesa “Reportagem na Geral”, às 16h, no Controversas. O debate contará também com a presença de Custódio Coimbra, fotógrafo do jornal O Globo, Sérgio Torres, repórter do Estado de São Paulo e Nilson Proviette, motorista da CBN

Liriane começou como estagiária do jornal O Fluminense, e lá foi efetivada. Com a indicação do chefe, ela foi direto para Rádio CBN. Nunca tinha pensado em trabalhar lá, sua paixão era o impresso até então, e no começo ainda sentiu muita falta. Segundo ela, no impresso a apuração é maior, com mais detalhes. Já no rádio, pela exigência da velocidade, é necessário selecionar as informações mais importantes e dar a notícia em 30 ou 40 segundos, no máximo, dois minutos. Ela conta que seu primeiro dia foi assustador. “Com cinco minutos de rádio, meu chefe me mandou entrar no ar e dar o trânsito. Eu tremia, que vergonha, todo mundo dentro da redação me olhando!”, conta a repórter que já tem três anos de casa.

Apesar de sua função principal ser a reportagem nas ruas, ela já fez um pouco de tudo: produção, chefia de reportagem, ancoragem, apuração e conteúdo para o site. Quando questionada sobre trabalhar num veiculo do Sistema Globo, Liriane é clara. “Quando eu digo que sou da CBN, ou da Rádio Globo, as pessoas têm uma postura diferente. Elas pensam mais para dar a resposta, pela repercussão que a notícia poderá ter. Dizer que o veículo em que você trabalha não faz diferença, é mentira, faz sim”, explica.

A paixão pelo rádiojornalismo, hoje, é indiscutível. “No rádio, as notícias são imediatas e você pode entrar no ar com um simples celular. Uma vez, estava jantando em Copacabana quando começou uma chuva e tudo ficou alagado. Liguei para rádio, e já entrei no ar falando como estava a situação por lá.” Liriane também fez coberturas de reportagens importantes durante este ano, como as tragédias da Região Serrana e a chacina em Realengo. Depois qe foi para a CBN, ela já recebeu propostas de outros veículos, mas não aceitou. Considera que “rádio é como cachaça, te vicia.”

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Carol Barcellos conta como se tornou repórter esportiva

Isadora Ancora


A "prata da casa" Ana Carolina Barcellos Côrtes se formou pela UFF em 2005, quando já estagiava no SporTV. Ela conta que teve dificuldade para escolher que faculdade faria. Teve dúvida entre Economia, Jornalismo e Direito, mas logo desistiu do último curso. Mesmo pressionada pelo pai - que tentava concencer a filha fazer Economia com o argumento de que “jornalismo não é carreira, quem sabe de tudo não sabe de nada” - Carol seguiu em frente com a ideia de se tornar jornalista.

No início da carreira, pensava em trabalhar com jornalismo econômico e em veículo impresso, preferencialmente no Jornal do BrasilPara ficar mais próxima do objetivo, ela fez dois cursos de economia junto com a faculdade.

Também complementou sua formação com aulas de assessoria de imprensa e expressão corporal - estas com o objetivo de ficar mais solta caso viesse a atuar em televisão.  Não deu outra. Em vez de trabalhar em jornal impresso, Carol se tornou repórter de tevê. E em vez de se especializar em economia, ela foi parar na área de esportes. Está há sete anos na Globo.

No dia de sua entrevista, disse com muita sinceridade que adorava esportes, mas não acompanhava o noticiário esportivo. Mesmo assim, foi chamada para a vaga que havia na área. Hoje, acha que foi um ótimo caminho: “Considero um privilégio trabalhar com esportes. É gostoso, ligado à saúde e mais leve. Você acaba se divertindo mais, a realidade é essa.”


 Carol Barcellos estará na mesa Prata da Casa, nesta quinta-feira (20/10), das 18h30 às 20h30, no Instituto de Economia da UFF, sala 11.

Fabiane Moreira: “Não me imagino fazendo outra coisa”

Rebeca Guio
 
Formada em Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense em 2006, Fabiane Moreira faz parte do Núcleo de Imprensa do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Fabiane é uma das convidadas do Controversas UFF, e voltará à faculdade para contar como foi sua entrada no mercado de trabalho, participando da mesa Prata da Casa, no dia 20 de outubro, às 18h30, ao lado de Carol Barcelos, André Kano, Marcos de Vasconcellos e Ana Lúcia Valinho.

Sobre o motivo da escolha de sua carreira, Fabiane conta: “ainda no colégio, participei de um trabalho em grupo, no qual precisei criar um telejornal. Escrevi as matérias, gravei entrevistas e descobri o gosto pela coisa”. Para ela, trabalhar na imprensa ou com ela é não ter rotina, é fazer de cada dia um dia diferente. “É acompanhar de perto o cotidiano da cidade, fatos marcantes, grandes acontecimentos, ver a história do país se formando. Mas é também não ter horário, ter muitas vezes que abrir mão da vida pessoal, dos momentos em família, pelo trabalho”.

Para Fabiane, ser assessora exige dedicação, disponibilidade para viajar, fazer horas extras, dar plantão aos finais de semana: “Além de ser um mercado de trabalho muito competitivo, ainda enfrentamos o problema dos salários abaixo da média, principalmente em redação. Mesmo assim, as boas histórias de um repórter na rua atrás de notícias e a união entre os ‘coleguinhas’ acabam fazendo tudo valer a pena e hoje não me imagino fazendo outra coisa”.

Com menos de 10 anos de carreira, Fabiane fez estágio em comunicação interna da BR Distribuidora, em 2004; e na assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Cultura de Niterói, em 2006. Além disso, trabalhou como assessora de imprensa da Mostra Casa Design, em 2007, e por dois anos e meio, foi repórter do jornal O Fluminense. A jornalista também trabalhou como repórter no jornal Meia Hora, em 2008, e de 2009 a 2011 no Sistema Globo de Rádio.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Marcos Vasconcellos conta no Controversas como começou no jornalismo

João Luiz Coutinho

O Controversas concede espaço nesta quinta-feira (20/10), a partir das 18h30min, para o debate Experiências da Prata da Casa. Trata-se de uma mesa, mediada pelo professor Alceste Pinheiro, em que os ex-alunos contarão um pouco de suas experiências  vividas no mercado de trabalho, e procurarão sanar dúvidas dos estudantes de jornalismo. Dentre os convidados está Marcos Vasconcellos.


Recém-formado pela Universidade Federal Fluminense, o jornalista de 24 anos trabalha atualmente como freelancer do jornal Folha de São Paulo. O ex-aluno concluiu o curso em dezembro de 2009 e logo conquistou seu espaço no mercado de trabalho. Estagiou em diversos lugares, como os jornais Fazendo Media e Folha Dirigida, a Editora Brasil Energia e o portal do Globo. Trabalhando para o portal, ele cobriu as eleições presidenciais de 2008, nos Estados Unidos - uma das suas mais enriquecedoras experiências profissionais.

Marcos escolheu fazer jornalismo durante o ensino médio, quando optou por ser um profissional com um “perfil de engajamento”, segundo sua própria definição. Mas não foi de primeira: ele conta que chegou a pensar em cursar Geografia, Direito e até Filosofia.

Conta também que sua primeira ocupação foi como office-boy de um escritório de advocacia, e que o contato com a comunicação já se fazia ali presente. Na opinião dele, o trabalho era parecido, pois levava e trazia recados, conversava com dezenas de pessoas atrás de informações. A diferença é que não escrevia nenhuma matéria ao fim do dia.

Ao ser perguntado sobre a atual situação do mercado de trabalho, o jornalista se mostra otimista e conta um pouco sua trajetória. “Acho que o mercado está bom e aquecido, tive poucos amigos que passaram muito tempo buscando emprego". Ele entrou na Folha como trainee, depois passou a cobrir política como temporário e em seguida foi alocado no setor de Carreiras & Empregos e Negócios, nas seções de mercado de trabalho, empreendedorismo e pequenos negócios.

O jovem jornalista “Prata da Casa” dá dicas aos graduandos ao falar da importância das discussões sobre comunicação dentro das salas de aula. Para ele, “são essas discussões que fazem a gente ter idéias sobre como melhorar o jornalismo”.
Saudades do Iacs? Com certeza. “Sinto falta de estar com os amigos que fiz na UFF diariamente. Sinto falta do convívio com professores e colegas, da Cantareira às quintas-feiras. Sinto falta de fazer amigos numa velocidade que não existe fora do ambiente universitário”.

Para o futuro, Marcos tem seus planos. Embora esteja bem como freelancer, o ex-aluno quer se especializar. Por isso, pretende fazer uma pós-graduação e procura um mestrado fora do país - que geralmente cobra do profissional um mínimo de três anos no mercado depois de formado. Ele pensa em especializar-se em Economia, Direito ou Comunicação.

Fábio Gusmão conta sua experiência na cobertura de cidade e polícia

Luciana Weyne
O editor de Cidade do jornal Extra, Fábio Gusmão, participa da terceira edição do Controversas em um debate sobre a cobertura de polícia. No dia 19, às 16h, o jornalista divide a mesa com Marcelo Ahmed, produtor do Fantástico, Carlos Aleixo, motorista aposentado do Extra, Márcio Beck, repórter do Jornal do Comércio, e Solange Duart, redatora da secretaria de redação do Globo .
Jornalista formado pela Universidade Gama Filho, Fábio Gusmão começou a carreira como estagiário no jornal O Povo, no Rio de Janeiro, em 1995. Logo depois lançou um jornal de bairros na Zona Norte da cidade, chamado Interação, que circulou durante 10 meses. Neste período, Gusmão trabalhou ainda no jornal O Fluminense, de Niterói. Em 1996, trabalhou no jornal A Notícia, onde ficou até 1998, quando foi contratado pelo Extra.
Durante sua carreira, Fábio Gusmão teve matérias consagradas com o Prêmio Esso de Reportagem, o Prêmio Embratel (Jornais e Revistas), Movimento de Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, TIM Lopes de Jornalismo Investigativo e Menção Honrosa no Vladimir Herzog, em 2005, com a reportagem Janela Indiscreta. Para o jornalista, esta reportagem foi a mais importante: “Janela Indiscreta contava a história de uma senhora de 80 anos que filmou e denunciou o tráfico de drogas que funcionava em frente à sua janela, em Copacabana. Essa foi a reportagem que mais marcou a minha carreira”.
Outra atuação importante de Gusmão é na Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a Abraji. Ele é um dos fundadores da entidade e esteve presente desde as primeiras reuniões, logo após a morte do jornalista Tim Lopes.

Foi um movimento fundamental para organizar e estabelecer no meio um novo tipo de filosofia de trabalho. Mas do que manter a memória de Tim viva, a Abraji é fundamental na formação de profissionais e estudantes, na defesa da liberdade de expressão e na segurança de jornalistas. Uma organização que está sendo fundamental a cada ano que passa. E tudo isso só foi possível porque tivemos ajuda do grande mestre e jornalista Rosental Calmon Alves, do Knight Center, em Austin, texas”, conta o jornalista.


Fábio Gusmão também é escritor, autor do livro Dona Vitória da Paz. Para ele, a experiência de escrever um livro foi muito positiva: “Foi muito bom escrever e aprender uma nova forma de contar histórias. É sempre difícil ter esse tipo de dedicação quando se trabalha em jornal diário, mas recomendo para todos. E digo que é possível. É um caminho que quero manter vivo.”

Custódio Coimbra: "busco a imagem que sintetize o clímax da matéria"

Thiago da Mata


Fotojornalista desde os anos 70, o carioca Custódio José Bouças Coimbra passou pelas redações de importantes jornais do Rio de Janeiro, como O Repórter e Última Hora (ambos extintos), depois pelo Jornal do Brasil até ser admitido no jornal O Globo, onde trabalha há mais de 20 anos.

Suas fotos já ilustraram reportagens publicadas em diversos veículos do mundo. Com olhos treinados para notar imagens que melhor traduzam fatos importantes para a sociedade, cobriu alguns dos acontecimentos mais relevantes da história recente, como as campanhas presidenciais de 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006, além das visitas de Gorbatchev, Ronald Reagan, Henry Kissinger, Fidel Castro, Jacques Chirac, Papa João Paulo II e Dalai Lama ao Brasil.


Com quase 30 anos de carreira, já participou de várias exposições individuais e coletivas, todas com forte cunho sócio-ambiental. A mais recente, Diário do Rio, ocorreu no Centro Cultural Correios e foi rebatizada de Le Brésil à la une para ser exposta na Maison des Amériques Latines em Paris, como parte do calendário do Ano do Brasil na França. Também já publicou trabalhos em vários livros, como O Rio sob as lentes de seus fotógrafos, de 1992, Tons sobre Tom — A vida e a obra de Tom Jobim, de 1996, e Brasil 500 anos, em 2000.


Ganhador do Prêmio Esso de Contribuição à Imprensa e do Grande Prêmio Ayrton Senna na categoria Jornal, Custódio Coimbra  lembra que o trabalho mais prazeroso de sua vida foi fotografar sua cidade do alto, sentado no braço do Cristo Redentor até o amanhecer.

Nascido no bairro carioca de Quintino Bocaiúva, Coimbra começou a fotografar aos 11 anos. Sua trajetória profissional vai levá-lo, mais tarde, a O Repórter, publicações sindicais e, em seguida, à Última Hora, em 1982, quando suas fotos ilustraram matérias de página inteira. Na mesma época, nos fins de semana, era frellancer no JB.


“Uma vez, fiz umas fotos da greve de motoristas de ônibus para o JB no domingo, mas a notícia deu capa na edição de segunda. O chefe viu o meu nome na foto do concorrente e me demitiu”, conta. A história poderia ter sido trágica, se não fosse pela seqüência do relato. Coimbra telefonou para Alberto Ferreira, na época editor de fotografia do JB, e disse a ele: “Poxa, Alberto, acabei de ser demitido na Última Hora”, ao que Ferreira respondeu de pronto: “Meus parabéns! Você acaba de ser admitido no JB”.


Na nova empresa, onde ficou de 1984 a 1989, conheceu a rotina dos grandes jornais e adquiriu mais experiência. A morte de sete pessoas pisoteadas em 1985, durante o velório do ex-presidente Tancredo Neves, em Belo Horizonte, marcou sua vida:

“De todos os fotógrafos que estavam na cobertura – e olha que tinha gente de todos os jornais e agências de notícias –, só eu consegui registrar aquela cena. Subi num muro do Palácio da Liberdade e fiz as fotos sem perceber que só havia eu fazendo aquelas imagens. Quando terminei de fazer as fotos, ganhei um tapinha nas costas do ‘papa da fotografia’, Luiz Pinto (do concorrente O Globo), que disse: “Parabéns, garoto!”, recorda.


Imagem única: Custódio Coimbra, único fotografo a registrar as pessoas pisoteadas no cortejo do ex-presidente.
Mas ele só entenderia os parabéns no dia seguinte, quando o JB abriu três páginas só de fotolegendas e nenhum outro jornal tinha imagens para publicar. Um convênio do Jornal do Brasil com a Agência AP fez com que as fotos fossem transmitidas para mais de sete mil jornais no mundo. Nos Estados Unidos, uma das imagens foi publicada na primeira página em seis de cada dez jornais.


Já reconhecido e requisitado, em 1989, foi convidado por Anibal Philot para integrar a equipe de O Globo e participar da implantação da cor nas fotos do impresso. Depois de coordenador e editor dos departamentos de fotografia dos jornais de bairros, Custódio passou a cuidar das matérias especiais produzidas para as edições dominicais.


Para explicar sua filosofia de trabalho, ele afirma: “Procuro o clímax, a hora mágica. Seja num grito de dor, de alegria ou de tristeza. Vou em busca da emoção. Da minha e do que estou fotografando”.


Atualmente, parte do seu trabalho está na exposição Olhar Carioca, no segundo piso do Shopping Rio Sul, em Botafogo, Rio de Janeiro. Imagens inéditas da Agência O Globo feitas por ele e outros quatro fotógrafos: Marcelo Carnaval, Ivo Gonzalez, Leonardo Aversa e Márcia Foletto. A mostra fica em cartaz até o dia 31 de outubro.

"O motorista é muito mais que um condutor", afirma Nilson Proviette, da CBN

Ana Carolina Mascarenhas

O que seria do jornalismo se os repórteres não tivessem como chegar ao local do acontecimento a tempo? Provavelmente o imediatismo do rádio, por exemplo, estaria em risco. Nilson Proviette, de 43 anos, da Rádio CBN, é um desses anjos da guarda das redações, e afirma que o motorista não deve ser visto apenas como condutor, mas como parte de uma equipe.

”Conheço muitos policiais e delegados que são fontes importantes. Além disso, com o tempo desenvolvi um olhar mais atento que serve de alerta para o repórter. Gosto muito do que eu faço, é uma cachaça”, conta.


Convidado da mesa “A reportagem na geral”, que também terá a participação dos repórteres Liriane Rodrigues, Sérgio Torres e do fotógrafo Custódio Coimbra, Nilson trabalha há dez anos em redações.

Oriundo de uma família com tradição no ramo de confecções, ele se sentiu perdido quando seu negócio fechou. Trabalhou durante um ano como taxista e enviou currículo para diversos lugares. Um dia, foi chamado para um teste na Rádio Tupi, empresa na qual ele trabalhou por um ano e meio e considera uma grande escola para todos. Depois disso, foi para a CBN, onde é parceiro da repórter Silvana Maciel. Ouça aqui


Acostumado a viajar em janeiro, mês em que, infelizmente, tragédias se tornaram rotineiras, ele sempre anda com um kit sobrevivência que inclui remédios e itens de primeiros socorros. Pelo cuidado, foi apelidado carinhosamente de “Tio Nilson” pelas repórteres.

Nilson destaca entre experiências importantes da sua carreira a cobertura da tragédia de Friburgo. Foi ele que chamou a atenção da repórter que acompanhava para um fato que acabou virando furo de reportagem. Um caminhão da prefeitura estava descartando doações em sacos de lixo.

Com tanta experiência na área, o motorista já sentiu vontade de cursar faculdade de jornalismo, mas o baixo salário dos repórteres o desmotivou. Ele pretende fazer cursos de eletrônica e vídeo para crescer no setor e apoiaria os filhos caso optassem por fazer Jornalismo.

Nilson Proviette no Controversas 2011

Ana Lúcia Azevedo e a editoria das descobertas

Isabel Muniz

A próxima edição do Controversas irá trazer a editora de História e Ciência do Globo Ana Lúcia Azevedo em uma mesa de debates sobre o jornalismo científico. A jornalista vai falar sobre o momento atual da Ciência nos jornais e da relação com as fontes. Profissional premiada, Ana Lúcia é fascinada pelo dinamismo da área de científica.

Ana Lúcia se formou na Universidade Federal Fluminense em 1988, e começou como trainee no Globo, onde passou pelas editorias Rio e Bairros como redatora e repórter. O primeiro contato com a Editoria Ciência foi em 1994, quando ainda era junto com a de Internacional. Somente 12 anos mais tarde, em 2006, Ciência tornou-se “independente”.

O panorama da ciência atual nos jornais mudou, foi percebido um aumento no número de leitores jovens na editoria ligada a assuntos científicos. Segundo a jornalista, a juventude de hoje quer estar por dentro das novas descobertas. "A geração atual é mais bem informada. A editoria de Ciência no Globo  hoje só fica atrás da de Entretenimento".

O interesse de Ana Lúcia pelo jornalismo científico veio através de seus estudos sobre o meio ambiente, algo que sempre lhe chamou atenção. Com mestrado em Planejamento Ambiental, ela acredita que o melhor em trabalhar na editoria História e Ciência é a constante mudança. "Você trabalha com astronomia, biotecnologia, espaço, é muito mais interessante, não é nada monótono, nunca é o mesmo assunto. É diferente de editorias como Política ou Bairros, nas quais as histórias se repetem, só que com personagens diferentes".

Há 23 anos no Globo, Ana Lúcia Azevedo possui uma trajetória reconhecida, já ganhou o Prêmio Esso na categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica com a série de reportagens “Planeta Terra” em 2005, e foi a última vencedora do 31º Prêmio José Reis: "Ganhar o Prêmio José Reis é muito mais gratificante, porque a sua carreira é premiada, ele avalia toda a sua produção. Já o Prêmio Esso é pontual, e se refere a um trabalho específico".


Ana Lúcia Azevedo recebendo o Prêmio José Reis - Fonte: site do CNPq



     
 Ana Lúcia Azevedo estará na mesa sobre o jornalismo científico na quarta-feira (dia 19) das 18h30 às 20h30 no Instituto de Economia da UFF, sala 11.