segunda-feira, 20 de junho de 2011

Controversas atrai público de fora da UFF

Marcelo Studart

O primeiro Controversas de 2011 ocorreu na última quinta-feira (16) e deu as boas-vindas ao seu público com uma apresentação de trabalhos de um time de fotógrafos da Universidade. Com a sala C100 do IACS transbordando espectadores do início ao fim das duas palestras, o evento que pretendia ser de pequeno alcance acabou chamando atenção não só dos alunos da UFF como de cidadãos de Niterói.

“Estava passando e vi um cartaz de um evento de fotografia na UFF. Como me interesso, vim entrando e fui presenteado com uma bela amostra de trabalhos dos estudantes e duas palestras de excelentes fotógrafos. Nem sabia que eles eram formados na UFF”, contou Marcos Takashi, 36 anos, transeunte da Lara Vilela que resolveu averiguar o movimento na Universidade.

Não só apegados à foto documental ou à estética, jornalistas recém-formados e estudantes da UFF apresentaram seus trabalhos com toda diversidade – passamos desde o trabalho sobre Umbanda, de Thais Morelli; registro da ocupação indígena no museu do índio, de Anie Martins; até as comunidades ribeirinhas da longínqua Oriximiná, no Pará, por Luiz Guilherme Fernandes. Quase todos com passagens pela Escola de Fotógrafos da Maré, outros cinco fotógrafos ainda apresentaram seus trabalhos - vinculados ou não à UFF.  Mediados pelo professor Rômulo Corrêa, todos os alunos e ex-alunos apresentaram seus trabalhos a tempo da palestra de Marcelo Carnaval e Renata Xavier se iniciar sem muitos atrasos.

sábado, 18 de junho de 2011

Controversas em fotos

A segunda mesa do Controversas - Travessias Fotográficas, no dia 16 de junho, contou com a participação dos fotógrafos Marcelo Carnaval e Renata Xavier, com mediação do professor de Linguagem Fotográfica e Fotojornalismo, Dante Gastaldoni.

Renata Xavier e Marcelo Carnaval no janelão da sala 100 do Iacs. Foto de Luiza Leite


A ambição de Marcelo Carnaval é participar da História por meio dos seus registros

Luiza Leite

Marcelo Carnaval é um fotógrafo versátil. Suas lentes já viram de tudo: fenômenos naturais, acidentes, eventos esportivos – já cobriu as Olimpíadas, os Jogos Pan-americanos e visitou os países africanos que participaram da Copa do Mundo de 2010 -, famosos, políticos, tiroteios, operações da polícia, protestos, mortes e tudo o mais que estiver acontecendo, o que for o “assunto do momento”. “Quero estar onde está a História”, diz.


Projeção de foto de Carnaval. Por Bruno Sarmet
Em sua participação na segunda mesa do Controversas – Travessias Fotográficas, que ocorreu no dia 16 de junho no Instituto de Artes e Comunicação Social, Carnaval admitiu para os aspirantes da fotografia que a profissão não é fácil. “O mercado é complicado de entrar; aqui no Rio, é muito pequeno. Mas freelancer também tem vida. Trabalho não falta.” 


O fotógrafo acredita que as novas tecnologias abrem mercados diferentes da mídia tradicional. "Tem mesmo é que buscar novos caminhos", diz. Ainda sobre novas tecnologias, Marcelo aprova a fotografia digital, mas critica um ponto, assim como Renata: recursos como Photoshop aumentam o trabalho do fotógrafo. Agora, sobre sentir saudade de revelar fotos em laboratórios improvisados e carregar produtos químicos para todo canto, é categórico: “nenhuma!”.

Carnaval reconhece  o valor do jornalismo colaborativo e não vê muito conflito entre leitor e repórter. "Sou favorável. A foto do leitor é um flagrante, é sempre interessante. E a cada foto que um amador manda, mais o repórter fotográfico é valorizado", brinca. Quando perguntado se as linhas editorias dos veículos o incomodam, Marcelo disse que sim. "É preciso se enquadrar. Mas com o tempo você acaba descobrindo até onde pode ir, quais são os seus limites".

 Durante o Controversas, Marcelo Carnaval mostrou e comentou algumas de suas fotos, sempre com modéstia “Foto de esporte é assim, tudo muito parecido” e a naturalidade de quem já tem muitos anos de experiência. No começo da carreira, pouca coisa o impressionava ou emocionava, era sempre trabalho. “Não rola o medo, é muita adrenalina. Acho normal”, comentou quando questionado sobre como fotografar a violência. 

Mas admite que recentemente, certos temas têm lhe levado às lágrimas. “Estou ficando cada vez mais chorão. O morto não me incomoda, mas o sofrimento das pessoas sim.” Na grande enchente de Santa Catarina, Marcelo fez a cobertura do velório de dois meninos, que tinham a mesma idade de seu filho, na época. Ele contou que chorou aos soluços e quase não conseguiu fotografar. Ser fotojornalista não é fácil. "Mas vale a pena", completa.

Participar de várias histórias por meio da fotografia é a alegria de Renata Xavier

Naiara Evangelo

Admiradora do colega Marcelo Carnaval, Renata Xavier  é uma fotógrafa de casamentos diferente dos outros. Na definição de Dante Gastaldoni, ela encontrou uma forma de fugir dos clichês no registro dessas cerimônias. Para Renata, o que torna seu trabalho especial é a sua percepção dos detalhes: “registrar tudo aquilo que está em volta dos noivos é o que faz um casamento diferente do outro”, afirmou, em palestra durante o Controversas – Travessias Fotográficas,  quinta-feira (16), no Iacs.

Patrícia Pedrosa por Renata Xavier
Perguntada sobre como é trabalhar com modelos que não são profissionais, Renata afirma que o segredo é agir da forma mais simples e natural possível. “Eu dirijo a cena e indico o melhor caminho para os noivos, mas o mais importante é o olhar. Valorizo a beleza de cada noiva, não é necessário colocá-las virando cambalhota para fazer um trabalho legal.” O professor Dante completa e elogia o trabalho da colega: “Na maior parte das vezes, os noivos passam toda a cerimônia fazendo pose para as fotos, mal aproveitam o momento. A Renata fica a reboque dos noivos. É ela que trabalha pro casamento, e não o contrário.”

Sobre os equipamentos usados para a produção do trabalho, Renata garante que a cabeça do fotógrafo é muito mais importante que o equipamento que ele tem na mão. Durante o Controversas, uma seleção com algumas das fotos preferidas dos casamentos cobertos por Renata foram exibidas para o público.
Patrícia Pedrosa e Pedro Ivo por Renata Xavier
O casal Patrícia Pedrosa e Pedro Ivo Peixoto, que teve o casamento registrado pela fotógrafa, estave presente na plateia do Controversas. Eles contaram que, para garantir que Renata fosse a fotógrafa, tiveram que marcar a data com dois anos de antecedência. Patrícia garante que foi o melhor investimento que fizeram, e que até hoje ficam impressionados como ela conseguiu registrar cada momento do casamento sem que eles notassem sua presença.  

Para Renata, tão bom quanto contribuir para a História, é fazer parte de  várias histórias. “É maravilhoso participar da vida das pessoas, conhecer as famílias. Daqui a 50 anos aquelas fotos vão continuar sendo importantes. É muito bacana estar inserida na vida dessas pessoas”, conclui.

Patrícia Pedrosa, Pedro Ivo e Renata Xavier,
fotografados no Controversas por Luiza Leite

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Público lota a Sala 100 do Iacs para assistir o Controversas


Pamela Passos

Foi realizado quinta-feira (16) o Controversas – Travessias Fotográficas, na Sala 100 do IACS, com a presença de aproximadamente 70 pessoas, entre alunos da Universidade Federal Fluminense (UFF), ex-alunos e pessoas de outras instituições. Duas mesas de palestras foram apresentadas em quatro horas seguidas, sem tempo para intervalo, e mesmo assim os presentes tiveram uma participação intensa.

“Achei o Controversas muito bom, muito forte. Vim porque realmente achei que seria interessante. Eu pretendo seguir carreira no fotojornalismo e hoje o IACS se mostrou como o espaço certo para desenvolver esse trabalho. Como o Dante falou, a produção fotográfica aqui é muito intensa”. Comentou Gustavo Borges, aluno do 2° período de Comunicação Social – Jornalismo, que assistiu a todas as apresentações dos fotógrafos, sem nenhum compromisso com a cobertura do evento.
Todos os alunos e ex-alunos previstos na programação apresentaram seus trabalhos, desde projetos estético experimentais, como o Projetta de Gabriela Charpinel, até a fotografia documental de Anie Martins, com A Ocupação dos Povos Originários no Antigo Museu do Índio. Luiz Guilherme Fernandes, por exemplo, registrou as comunidades ribeirinhas de Oriximiná, quarto maior município brasileiro, localizado no Pará.

“Fiquei impressionada com o trabalho deles, em como eles foram para lugares tão distantes para fazer registros fotográficos. Na minha época de estudante (da UFF) nós fazíamos nossos trabalhos em lugares mais próximos”, confessou a fotógrafa Renata Xavier ao blog do Controversas.

Renata Xavier e Marcelo Carnaval, ex-alunos do IACS, que fizeram uma explanação sobre suas trajetórias profissionais e apresentaram algumas fotografias, encantaram os presentes como o aluno Gabriel Fricke: "Fiquei fascinado com o trabalho deles".

O Controversas - Travessias Fotográficas, apelidado no Iacs de Controversinhas, foi uma espécie de preparação para a edição completa do evento que acontece no final deste ano e ainda não tem data marcada. O objetivo, segundo a professora Larissa Morais, é dar mais visibilidade ao curso de jornalismo: “O evento teve a mobilização que eu esperava. Estou orgulhosa, os alunos apresentaram trabalhos maravilhosos”.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Thaís Morelli: Cores e movimentos das Giras de Exu em Petrópolis

Evandro Pereira

Thaís Morelli é formada em Comunicação pela UFF e foi aluna e multiplicadora na Escola de Fotógrafos Populares da Maré, curso administrado pelo premiado fotógrafo João Roberto Ripper. Thaís sempre manifestou uma grande abrangência na escolha de temas para suas imagens, e seus múltiplos interesses a levaram a retratar centros de Umbanda em seu trabalho de conclusão de curso - trabalho exposto no Controversas.

Sem preconceitos - e também religião própria - Thaís frequentou diversos terreiros em Petrópolis, carregando, além da câmera, a curiosidade que a acompanhava desde a infância e a intenção de registrar os rituais sob um enfoque antropológico.

 

Uma das imagens de sessões de umbanda
que Thais Morell vai mostrar no evento

Após superar suspeitas e restrições iniciais, capturou cores e movimentos em meio à penumbra. Giras de Exu, as que Thaís mais gostava de fotografar, geralmente ocorriam à noite e à meia-luz, o que dificultava a captura das imagens.

Como várias fotos ficaram borradas, em detrimento de quaisquer explicações técnicas, os devotos limitavam-se a afirmar que o "Exu não gosta de aparecer em foto". Por obra de alguma entidade ou por simples acaso, fato é que uma lente tornou-se completamente inutilizável após algumas sessões...

Avisos à parte, ela persistiu e, ao fotografar os ritos, lançou luz sobre a Umbanda, que ganha espaço como religião em velocidade diretamente proporcional ao preconceito que a cerca.

No Controversas Thaís provará que, sim, alguns Exus gostam de aparecer em fotos.

Marcelo Carnaval: o computador ajuda, mas tirou um pouco da mágica da fotografia

Paula da Costa e Silva Martini

Marcelo Carnaval é formado em jornalismo e trabalha há 30 anos como fotógrafo. Fotojornalista de O Globo desde o início dos anos 90, vencedor do prêmio Esso em 2006 e com nomes como Veja e Jornal do Brasil no currículo, ele fala sobre fotografia com uma tranquilidade característica de quem conhece muito bem o assunto e é apaixonado pelo que faz. 

Foto finalista do Prêmio Esso 2009
Ex-aluno da Universidade Federal Fluminense, foi aprovado no vestibular para o 2° semestre e enquanto esperava o início das aulas estudou fotografia na Escola de Artes do Parque Lage. Ao contrário de muitos alunos que decidem ao longo da faculdade que área seguir, Carnaval já entrou no curso de comunicação sabendo o que queria fazer.

 - Toda minha formação eu orientei para o fotojornalismo. Fui bolsista do laboratório, monitor de fotografia... tentei fazer de tudo ligado à fotografia na faculdade.

No último período da graduação Carnaval começou como fotógrafo de fim de semana no JB. Cria da geração analógica, viveu uma redação que pouco lembra as de hoje. No lugar de computadores, químicas que transformavam o papel branco em notícias, denúncias e fotos de capa nos laboratórios fotográficos dos grandes jornais.  

Mesmo dizendo que “o computador tirou um pouco da mágica da fotografia”, Carnaval reconhece a importância do digital como um facilitador do trabalho. O fotógrafo explica que apesar das evoluções tecnológicas, o funcionamento das câmeras fotográficas quase não mudou, apenas se tornou digital. Ele acredita que a verdadeira revolução se deu no processo de compartilhamento do arquivo, que hoje já pode ser feito enviado a foto diretamente da câmera para o computador. 

Quanto à disseminação das câmeras digitais, Carnaval não acredita que o fenômeno ameace o mercado do fotojornalismo. Ele reconhece a importância dos flagrantes registrados por leitores nas colunas participativas, mas defende que o papel do fotojornalista por profissão ainda é fundamental.

- Ninguém vai se arriscar como a gente ao ponto de entrar em um tiroteio com o celular só para registrar o momento.  A qualidade das fotos dos leitores nessas colunas ainda são muito ruins também.  
                                                                                                                     

Na foto vencedora do Prêmio Esso 2006, Marcelo Carnaval retratou o sofrimento
de uma mãe que acabara de perder o filho assassinado, no Centro do Rio


Há 3 anos Carnaval está à frente do FotoGlobo, blog em que comenta fotos enviadas por leitores e dá dicas de fotografia numa média de três postagens por dia. Entre muitas com nível profissional, outras tantas pecam pela falta de qualidade. E aos fotógrafos menos criteriosos, Carnaval não poupa críticas, premiando inclusive os piores registros com o “Prêmio pede pra sair”. É justamente a essa característica que atribui o sucesso do blog.
 

- No começo as pessoas reclamavam, me chamavam de mal-educado. Mas agora já levam numa boa, um leitor consola o outro... diz pra não ficar chateado – conta, aos risos. 

A visita ao blog vale a pena para se surpreender com belas fotos de amadores, se divertir com as alfinetadas às não tão belas assim e acompanhar a programação fotográfica na cidade. Também é um excelente espaço de interação com um dos maiores nomes do fotojornalismo brasileiro, tal como o Controversas recebe quinta-feira (16), a partir das 18:30h, Marcelo Carnaval e Renata Xavier no Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF.  

Ouça trechos da entrevista:




     

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dilliany Justino: Um olhar de dentro para fora sobre Nova Iguaçu

Tereza Batista

Foto ganhadora do concurso do Globo Baixada


Dilliany Justino tem 23 anos e é uma das atuais formandas de Comunicação Social – Jornalismo da UFF. Monitora em 2008 e 2007 de disciplinas de fotografia do curso e integrante da Agência Imagens do Povo, Dilliany vai apresentar no Controversas o ensaio Um olhar sobre Nova Iguaçu – de dentro pra fora.

O trabalho foi realizado como projeto autoral de conclusão do curso da Escola de Fotógrafos Populares da Maré, cujo foco é mostrar as comunidades com um olhar diferente do que é mostrado pela grande mídia. “Eu escolhi mostrar Nova Iguaçu, minha cidade natal, que assim como as comunidades cariocas, também possui um esteriótipo. Foi difícil mostrar a cidade de um jeito diferente, e demorei alguns meses até conseguir o que eu idealizava e o que meus professores do curso queriam também. Foi um trabalho intenso de desenvolvimento do olhar. Aprendi que, às vezes, para sair como o que foi pensado, é preciso fazer várias fotos da mesma foto”.

Dilliany conta que seu maior interesse é por fotografia documental. “Pretendo ser foto documentarista. Conseguir colocar em imagens uma opinião, um olhar, uma história, são coisas que me encantam”, declara. Mas ao ingressar na faculdade ela não tinha essa certeza, algo que só descobriu no segundo período do curso. Na realidade, ela diz ter escolhido Jornalismo por ser uma carreira muito abrangente, já que não sabia bem o que queria - até a disciplina de Linguagem Fotográfica. “Logo na primeira aula de fotografia me identifiquei muito com essa área. Fiz o curso de Fotógrafos Populares na mesma época e tentei seguir minha formação voltada para isso”.

Em 2010, conseguiu a concorrida vaga de estágio em fotografia no jornal O Globo e aproveitou a oportunidade que deixou ainda mais clara a sua área de preferência profissional. “A experiência foi boa, conheci muita gente, seus trabalhos; acompanhei os fotógrafos na rua... Mas gosto da fotografia mais trabalhada, explorada, pensada, desenvolvida. Como já disse, meu maior interesse é pelo documental. Consegui fazer isso poucas vezes no jornal, o instantâneo e a correria de uma redação não me fascinam”, reflete. Atualmente ela está desenvolvendo um projeto sobre carvoeiras no extremo sul da Bahia, que será tema do seu Trabalho de Conclusão de Curso.



Saiba mais sobre a Escola de Fotógrafos Populares da Maré: http://www.imagensdopovo.org.br/ip/paginas/index.asp?id_pagina=6

Renata Xavier: Fotografar um casamento tem a mesma adrenalina de fotografar um evento para um jornal

Túlio Clemente de Andrade


Com vários prêmios internacionais de fotografia de casamento no currículo, Renata Xavier começou sua carreira bem longe das cerimônias. Formada em Cinema e Publicidade pela Universidade Federal Fluminense, a fotógrafa atuou no jornal O Globo e em revistas como Contigo, Super Interessante, Playboy e Quem. Renata, que estará no Controversas nesta quinta-feira, contou para o blog como foi trocar o fotojornalismo pela cobertura de casamentos, falou sobre o mercado de trabalho e ainda deu várias dicas para quem pretende seguir a carreira fotográfica.

Você tem formação em Cinema e Publicidade pela Uff, não é? Quando e por que decidiu investir no fotojornalismo?
Fiz os dois cursos na UFF. Quando entrei na faculdade queria fazer direção de cinema para contar histórias, e tudo mudou quando fiz a matéria Linguagem Fotográfica com o Professor Antônio Júnior. Fiquei absolutamente fascinada pela fotografia. Percebi que através da fotografia poderia contar histórias de maneira mais simples e sem a necessidade de uma super estrutura como no cinema.
Durante a faculdade cursei todas as disciplinas relacionadas à fotografia. Fui monitora do Antônio Júnior e do Miguel Freire na disciplina Linguagem Fotográfica e do Dante Gastaldoni em Fotojornalismo. Aprendi muito com todos eles, e acabei tendendo para o Fotojornalismo. Ser fotojornalista é participar da história diariamente. É estar no coração dos fatos. É contribuir através do seu olhar, sensibilidade e bagagem cultural para que a história seja contada. É decidir o que deve e o que não deve ser fotografado e como deve ser fotografado. Queria participar da história e por isso acabei indo aos poucos para o fotojornalismo.

Como foi trocar o fotojornalismo pela cobertura de casamentos?
A visão que tinha da fotografia de casamento era daquelas fotos posadas, sem emoção, bem tradicionais mesmo. Durante o período que trabalhei no O Globo vi alguns casamentos fotografados pela Marizilda Cruppe e fiquei surpresa com as imagens. Havia tanta emoção, tanta felicidade, tantos momentos especiais... Estava vivenciando aquilo, pois em 2004 queria casar com o Leandro Lucas, meu namorado há 10 anos, e ver aquelas imagens me despertou. Poucas pessoas faziam esse tipo de trabalho no Brasil e uma delas era o Renato Moreth um fotógrafo daqui da minha terra (Niterói). Ele possui um trabalho incrível e há mais de 30 anos fotografa casamentos com essa linguagem espontânea e numa linha mais fine art. Conversamos muito e ele foi o meu grande incentivador, amigo e mentor nesse mundo de fotografia de casamento.


"Percebi que através da fotografia poderia contar histórias de maneira mais simples e sem a necessidade de uma super estrutura como no cinema"

Qual é a principal diferença em fotografar para um jornal e fazer a cobertura fotográfica de um casamento ou de uma gravidez?
Para mim, fotografar um casamento tem a mesma adrenalina de fotografar um grande evento para um jornal. Se você perdeu o momento, já era, ele não volta mais. Tem que se estar atento o tempo inteiro e em busca de imagens únicas que passem uma mensagem, uma emoção. É tudo muito rápido e as pessoas estão preocupadas em aproveitar aquele dia e não em tirar fotos o tempo inteiro, por isso temos que literalmente caçar as imagens. São muitas horas de trabalho no dia e depois existe uma pós-produção grande para que a história daquele casal seja contada da melhor forma possível. As fotografias de grávidas e de famílias são mais tranquilas, o ambiente é controlado seja num estúdio, numa casa ou numa externa. Você dirige as pessoas que estão relaxadas e tem tempo. Todos estão disponíveis para a fotografia, qualquer coisa é só pedir que as pessoas fazem e repetem se necessário.

Quais são os principais campos de atuação no mercado fotográfico atualmente?
Hoje é tudo tão metamórfico. São tantas as oportunidades a serem exploradas, ao mesmo tempo algumas das vertentes clássicas estão em um momento de transição. Não sei ao certo o que vem por aí. Só sei que a fotografia sempre existirá seja ela estática ou em movimento. Os campos de atuação serão variados de acordo com a capacidade dos fotógrafos em conseguirem reinvetar a sua própria profissão e mostrar para a sociedade as diversas possibilidades que hoje existem ou que possam vir a existir. Eles também devem olhar para a sociedade para ver quais são as demandas e criar em cima do que as pessoas e empresas buscam. Vejo que a fotografia documental, fotografia comercial e a fotografia social, muitas vezes se fundem ou tomam caminhos e subdivisões diversas. É tudo muito fluido. Existem os mais diversos ninchos.


"É bom saber que daqui a 50 anos as imagens que produzimos terão um valor inestimável para as pessoas que fotografamos"


O que você acha do fotojornalismo hoje?
O fotojornalismo nos grandes jornais está num momento de transição, não sabemos ao certo para onde vai. Infelizmente as grandes reportagens estão cada vez mais raras. Sobram mais os assuntos de dia a dia como buracos em ruas, comidas em restaurantes, personagens, etc. Mas ainda assim, em meio a rotina de um jornal, grandes coisas acontecem e vira e volta surgem imagens especiais. Torço para que novas possibilidades surjam com a proliferação dos Ipads e novas tecnologias. Existem trabalhos independentes também fora dos grandes jornais que se proliferam na web. Vamos ver no que vai dar.


E da fotografia de casamentos?
As famílias sempre existirão e as pessoas sempre se casarão. Com a situação econômica do país mais estável, mais pessoas se casam a cada ano e mais fotógrafos surgem nesse mercado. Fotografar casamentos exige muita dedicação e um ritmo de trabalho muito intenso, mas é bom saber que daqui a 50 anos as imagens que produzimos terão um valor inestimável para as pessoas que fotografamos. Essas imagens são um legado e a história do nascimento daquela família. São o retrato de uma época e da felicidade vivenciada por eles.


"Tem que se estar atento o tempo inteiro e em busca de imagens únicas que passem uma mensagem, uma emoção"

Que dicas daria aos alunos que desejam seguir a carreira fotográfica?
Estudem muito, pratiquem muito, busquem livros, filmes, exposições, viagens, workshops e tudo mais que enriqueça a sua mente de ideias. Busquem inspiração fora da fotografia também. Conversem com outros fotógrafos mais experientes e respeitem o legado e história que construíram. Sejam humildes. Sempre tentem se diferenciar e usem a criatividade para fazer da sua maneira. Fujam de modismos. Imprimam a sua marca em suas imagens, tornem-se únicos. Estejam sempre em desenvolvimento, sempre aprendendo.



No Controversas, você irá participar da mesa junto com Marcelo Carnaval, seu ex-colega de trabalho quando atuava no Jornal O Globo. Qual sua expectativa em relação ao evento?
Vai ser uma festa! Adoro o Dante (Professor da Uff e mediador no Controversas) e o (Marcelo) Carnaval! Foram pessoas muito importantes na minha formação como fotógrafa e tenho muito carinho por eles. Estou ansiosa para reencontrá-los!



Obrigado pela entrevista. A gente se encontra no Controversas.

Clique aqui e confira a rotina de trabalho de Renata Xavier no especial Diários de carreira, no Globo Online.

Emily Luizetto: o programa Médico de família no Morro do Palácio

Mariana Vita

A estudante de Jornalismo Emily Luizetto, de 24 anos, tem um currículo admirável. O reconhecimento mais recente veio através de um trabalho realizado em grupo com mais quatro alunos,  que ganhou o prêmio do Expocom Sudeste. Eles apresentaram um ensaio sobre as eleições, feito a princípio para disciplina Fotojornalismo. O grupo vai concorrer ao prêmio nacional do Expocom. Além disso, Emily já ganhou concursos antes na própria universidade, como o Retrato aos 50, e teve fotos publicadas no livro sobre o Jubileu de Ouro da UFF.

Apesar disso a estudante, que se formará em breve, não focou apenas a fotografia em sua graduação. Emilly também se interessa pela área de Recursos Humanos e hoje trabalha numa coordenadoria de RH . Mas o fato de estar trabalhando longe da câmera não a impede de fazer ensaios fotográficos paralelamente. Agora em junho a graduanda começa um novo projeto autoral, previsto para terminar em dezembro: uma releitura das imagens do livro Rio de Cantos 1.000, de Custódio Coimbra. Emily pretende se utilizar de um olhar diferente voltado às comunidades, não muito abordado no livro

Emily concluiu o curso de Fotógrafos da Maré, na turma de 2007, sob a coordenação de João Roberto Ripper. Seu trabalho de conclusão de curso foi um ensaio fotográfico sobre a atividade dos Médicos de Família no Morro do Palácio. Como forma de retribuir a boa vontade de quem é fotografado, ela procura sempre entregar uma cópia das fotos para as pessoas, o que, segundo ela, é um direito delas.

Acesse o link para conhecer o ensaio:
http://www.youtube.com/watch?v=iuJg4_PDqlw.
As imagens serão apresentadas nesta quinta-feira, 16, no evento Controversas - Travessias Fotográficas,
a partir das 16h, no Intituto de Artes e Comunicação Social da UFF, sala 100.

Gabriela Charpinel: Fotografia com toques poéticos

Por Bruno Sarmet



“Hecho de polvo y tiempo, el hombre dura 
menos que la liviana melodía,
que solo es tiempo”
                 (Trecho do poema El Tango de Jorge
 Luis Borges,citado na entrevista)



Gabriela Charpinel Lagoeiro tem 22 anos é fotógrafa, musicista e se arrisca como designer e cronista. A música foi uma paixão precoce, despertada por ninguém menos do que Maria Bethânia em sua interpretação de Fera Ferida, faixa da novela homônima da TV Globo. Carioca do dia 10 de novembro de 1988, Gabriela primeiro tocou clarineta e flauta na banda da escola São Vicente de Paula, em Niterói.
Na cidade de Alegre (ES), para onde se mudou com a família aos 12 anos, a futura estudante de Jornalismo ganhou seu primeiro violão – um Di Giorgio que virou souvenir e hoje ostenta um sem número de adesivos de criança – e passou a ter aulas particulares. De volta ao Rio, estudou no Centro Musical Cigam, voltado para música popular. Atualmente cursa Música e Tecnologia no Conservatório Brasileiro de Música (CBM).
O interesse pela fotografia é uma herança de família: seu pai chegou a montar em casa um laboratório para revelação de filmes PB (Preto e Branco) com o primeiro salário. Na adolescência, “Galinha” (como é carinhosamente chamada pelos amigos) gravava compulsivamente, com sua Cybershot, vídeos de até 42 segundos: culpa da memória da câmera de apenas 256 MB.
Estimulada pelas aulas de Linguagem Fotográfica na Universidade Federal Fluminense, fez cursos de fotografia no Ateliê da Imagem enquanto estudava na Escola Portátil de Música, ambos na Urca. A ideia que deu origem à série de fotos que será apresentada no Controversas - Travessias Fotográficas  surgiu em sala de aula ao observar os colegas passarem na frente do retroprojetor e, assim, deformarem a imagem dos slides. O ensaio Projetha, ainda em desenvolvimento, é composto por retratos em que a fotógrafa faz projeções de suas próprias imagens na pele de modelos. Quem quiser ter uma prévia, basta entrar no Flickr da autora (http://www.flickr.com/photos/eltango).
Em plena era da velocidade, o Projetha pede calma e relembra a poesia. Para quem gosta de classificações, Gabriela é muitas coisas, mas como seu principal estímulo é estético, vale chamá-la, sim, de artista.  

Anie Martins: “Quando entrei no terreno e vi alguns casebres e umas ocas, me senti arrebatada logo de início”

Por Samantha Chuva 
 
Um registro fotográfico de uma ocupação indígena no Rio de Janeiro. Esse é um dos trabalhos apresentados no ‘Controversas’, evento que acontece nessa quinta-feira, dia 16. 

A aluna de jornalismo, Anie Martins de Carvalho, de 26 anos, é uma das participantes do evento e expõe uma parte de seu trabalho de conclusão de curso. Os índios habitam, desde 2006, o antigo edifício do Museu do índio, próximo ao estádio Maracanã. “A temática de ocupações já era meu foco para o projeto final da faculdade, não ocupações de áreas ou terrenos, não queria falar das ocupações nos morros, por exemplo.”, diz a estudante.  

Esse é seu primeiro trabalho como foto documentarista e o local vem sendo fotografado por ela há seis meses. A aluna diz que o longo convívio com índios a fez pensar mais nas questões relacionadas à opressão das minorias. “Esse grupo social é fundamental para a formação da identidade brasileira e ignorado por muitas pessoas”, afirma.  Anie conta que encontrou a ocupação por acaso, ao passear pela cidade. “Quando entrei no terreno e vi alguns casebres e umas ocas, me senti arrebatada logo de início”. Seu objetivo com o ensaio fotográfico é fazer com que as pessoas conheçam essa realidade
e busquem soluções.

Anie é formada em Artes Cênicas na Universidade de Brasília (UnB), onde nasceu. Na época, também cursava uma faculdade de jornalismo, mas decidiu parar os estudos de comunicação devido ao pouco tempo disponível. Ao concluir sua graduação na UnB, fez uma prova de transferência para a Universidade Federal Fluminense (UFF) para o curso de Jornalismo. A estudante já trabalhou como professora de artes, hoje faz assessoria de imprensa e dá seus primeiros passos na fotografia. “Acredito que a foto tem a possibilidade de comportar e transmitir minhas escolhas discursivas de mundo”, diz a aluna, com grande entusiasmo.

Quer saber mais? Acesse o
Facebook da aluna e entre em contato com ela.

A Fotografia do IACS em foco

Instituto de Artes e Comunicação da UFF promove evento aberto ao público sobre a produção fotográfica dos alunos e ex-alunos do IACS
Anie Martins de Carvalho
Acontece amanhã, quinta-feira, 16, a segunda edição do Controversas, evento do curso de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense. Os professores Dante Gastaldoni e Rômulo Correa serão os mediadores das duas mesas que terão como tema a fotografia. Com o sugestivo nome de Travessias fotográficas, o evento apresenta a produção fotográfica de alunos e ex-alunos do Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF, a partir das 16hs, na sala 100, no próprio IACS.
Professor assistente do IACS , na área de fotografia , desde agosto de 2010, Rômulo Correa  vê um grande envolvimento dos alunos com as disciplinas de fotografia no curso de Jornalismo da UFF. O professor destaca a importância de um evento que trata de fotografia e ressalta que “deve sempre haver espaço para discutir a fotografia, pois é a pioneira de imagens técnicas que, cada vez mais, faz parte dos processos atuais de comunicação e permeiam as relações sociais e midiáticas.”
Rômulo será o mediador da primeira mesa, entre 16hs e 18hs, Primeiras Jornadas, que vai apresentar o trabalho fotográfico de oito alunos do curso de Jornalismo. Criar uma mesa só com alunos significa para o professor valorizar a relação ensino/aprendizagem de Fotografia no IACS, que tradicionalmente forma grandes profissionais de imagem.  “Significa também ampliar a visibilidade desses ensaios fotográficos para além dos limites da sala de aula ou da defesa de TCC. Mostrar a qualidade e a consistência que a produção fotográfica dos alunos da UFF apresenta”, afirma.
Para Dante Gastaldoni, professor da Universidade há 31 anos, o Controversas é uma oportunidade de criar referências externas pois, fotógrafos já inseridos no mercado poderão ver o trabalho dos alunos da UFF. Para Dante essa é uma forma de replicar os trabalhos para além da universidade. Diante da oportunidade de unir em um único evento alunos e ex-alunos da UFF, Dante fala do potencial do IACS como produtor e formador de fotógrafos. “Eu na condição de professor da UFF e da UFRJ, sempre soube que a fotografia tinha aqui no IACS um solo muito mais fértil. A fotografia na UFF sempre floresceu muito mais do que em outras universidades. A UFF é um solo fértil para gerar luz, para produzir fotógrafos.”
Dante fará a mediação da segunda mesa, entre 18h30 e 20h30, Caminhos do mercado, que contará com a participação de dois fotógrafos egressos do IACS, o fotojornalista  Marcelo Carnaval e a fotógrafa Renata Xavier. O professor Dante considera importante o debate com profissionais, e vê no Controversas uma possibilidade de ampliar as visões de mercado dos estudantes. “Muitos alunos que estão aqui nesse mundo polissêmico da comunicação podem perceber a fotografia como um caminho, pode ser uma luz, ser um caminho profissional”, concluí o professor.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Fotógrafos e estudantes debatem as vertentes da fotografia na UFF

Niterói, 13 de junho de 2011 - Fotojornalismo, fotografia documental e antropologia visual estarão em pauta no Controversas, promovido pelo curso de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense. Na próxima quinta, 16 de junho, das 16h às 20h30, no Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS), em Niterói, ocorre a segunda edição do evento, com a participação de dois fotógrafos egressos do curso: o fotojornalista do O Globo Marcelo Carnaval, ganhador do Prêmio Esso de Jornalismo em 2006 por uma de suas imagens da violência urbana; e Renata Xavier, conhecida pela maneira singular com que registra cerimônias de casamento. Em uma mesa mediada pelo professor Dante Gastaldoni, os convidados contarão suas histórias de vida e discutirão o mercado atual da fotografia.
A abertura do evento, mediada pelo professor Rômulo Corrêa, contará com a exibição de produções fotográficas dos alunos da UFF, cujos trabalhos abordam desde aspectos da vida em comunidades populares até questões no campo do jornalismo político. De acordo com Gastaldoni, a escolha do tema se deveu a dois aspectos: “No plano mais aberto, vivemos imersos em uma ‘civilização da imagem’, como bem definiu o escritor Roland Barthes, e a imagem fotográfica é a raiz deste processo; já em plano mais próximo, o IACS tem uma longa tradição com fotografia e a gente se orgulha muito disso. Então, que se mostre e se celebre essa produção!”.
Continuidade - O primeiro Controversas, em novembro de 2010, teve a proposta de reunir alunos, professores e profissionais para uma reflexão acerca da prática do jornalismo e o futuro da profissão. O sucesso, resultado da mobilização de todo o curso, estimulou o corpo docente a organizar uma edição a mais este ano, no primeiro semestre, em versão reduzida – com apenas um dia. No segundo semestre, durante a Semana Acadêmica da UFF, ocorrerá a terceira edição do evento, com três dias de duração.
O Controversas é aberto ao público e a inscrição é gratuita. Os interessados em participar devem enviar uma mensagem com seus dados pessoais até o dia 15 de junho para o endereço de e-mail: controversasuff@yahoo.com.br. As vagas são limitadas.

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