quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Conversa rápida com Gilmar Ferreira, da Rádio Globo: o rádio precisa ser bem-humorado, analítico e informativo

Mário Cajé

Com a consagração do Brasil como o principal palco do esporte mundial dos próximos anos, é inevitável que se comece a refletir sobre os caminhos profissionais que se abrem nas mais diversas áreas. No caso do jornalismo esportivo, a década de ouro para o Brasil se apresenta com ótimas oportunidades, mas também desafios. Diante do cenário extremamente positivo que se desenha para o esporte, é essencial pensar em como promover os avanços necessários no que se refere à produção de um conteúdo que faça jus à dimensão dos megaeventos. Na entrevista a seguir, Gilmar Ferreira, gerente de esportes da Rádio Globo, comenta a situação do rádio diante da emergência de novas mídias e traz a sua definição desse novo jornalista, batizado por ele como provedor de conteúdo.



Gilmar Ferreira, durante a Controversas UFF
Qual é o público-alvo cativo de esportes no rádio hoje?
Hoje o público cativo está na faixa dos 25 até os 55, 60 anos.

Qual é o diferencial da transmissão de esportes pelo rádio?
Isso varia de rádio para rádio. Hoje, com as FMs transmitindo eventos esportivos, principalmente partidas de futebol, existe a possibilidade de desenvolver uma transmissão mais bem-humorada, mais calcada na brincadeira. As AMs ainda estão muito presas ao hard news esportivo ou ao vício antigo dos comentários. A rádio do futuro terá que ser bem-humorada, analítica e informativa, tudo na medida certeza. Trata-se de encontrar um ponto de equilíbrio entre esses três elementos.

Como o rádio tem se adaptado diante dessa nova realidade de pluralidade de mídias?
Isso também varia de rádio para rádio. Um caminho foi a ida para o FM e um outro caminho é fazer um trabalho em rede nacional, fazendo com o que o anunciante consiga uma abrangência muito maior para sua marca. Não é fácil. É um caminho que está sendo aprimorado ainda.

Você acredita que o futebol carioca tem se organizado mais? Seria essa uma tendência do futebol nacional?
Os clubes já enxergaram que o caminho é o profissionalismo, mas ainda não têm esse modelo bem  sedimentado em seus estatutos. Os estatutos dos clubes são antigos e dificultam a profissionalização. Essa dicotomia entre o amadorismo e o profissionalismo, que permeia a política interna dos clubes, é o que atrapalha o seu desenvolvimento num sentido mais amplo.

Durante os debates da mesa, você comentou que, após os megaeventos, surgirá um novo jornalista. Como será esse novo profissional?
Será um jornalista multimídia, com a capacidade de filmar, escrever e contar através das ondas do rádio o que vê. Ou seja, ele será, ao mesmo tempo, informante e analista. Será um profissional multiplataforma, trabalhando tanto para o rádio, como para o jornal e a televisão. Eu chamo esse profissional de provedor de conteúdo. A meu ver, o termo jornalista tem que ser aprimorado para provedor de conteúdo.


Quais são as exigências específicas do jornalista que trabalha com esportes?
Não há diferenças no que se exige de um jornalista que atue na área de esportes, economia ou política. A formação é a mesma. O profissional precisa estar capacitado para trabalhar em qualquer editoria. Naquela em que estiver, deverá buscar a especialização.

E quanto ao jornalista de rádio? Quais características são desejáveis?
Evidentemente, o jornalista de rádio que tenha uma boa dicção, um bom timbre de voz, terá vantagem sobre os demais. Mas hoje em dia isso não é mais uma condição sine qua non. O mais importante é que o profissional tenha conteúdo.

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