sábado, 18 de junho de 2011

A ambição de Marcelo Carnaval é participar da História por meio dos seus registros

Luiza Leite

Marcelo Carnaval é um fotógrafo versátil. Suas lentes já viram de tudo: fenômenos naturais, acidentes, eventos esportivos – já cobriu as Olimpíadas, os Jogos Pan-americanos e visitou os países africanos que participaram da Copa do Mundo de 2010 -, famosos, políticos, tiroteios, operações da polícia, protestos, mortes e tudo o mais que estiver acontecendo, o que for o “assunto do momento”. “Quero estar onde está a História”, diz.


Projeção de foto de Carnaval. Por Bruno Sarmet
Em sua participação na segunda mesa do Controversas – Travessias Fotográficas, que ocorreu no dia 16 de junho no Instituto de Artes e Comunicação Social, Carnaval admitiu para os aspirantes da fotografia que a profissão não é fácil. “O mercado é complicado de entrar; aqui no Rio, é muito pequeno. Mas freelancer também tem vida. Trabalho não falta.” 


O fotógrafo acredita que as novas tecnologias abrem mercados diferentes da mídia tradicional. "Tem mesmo é que buscar novos caminhos", diz. Ainda sobre novas tecnologias, Marcelo aprova a fotografia digital, mas critica um ponto, assim como Renata: recursos como Photoshop aumentam o trabalho do fotógrafo. Agora, sobre sentir saudade de revelar fotos em laboratórios improvisados e carregar produtos químicos para todo canto, é categórico: “nenhuma!”.

Carnaval reconhece  o valor do jornalismo colaborativo e não vê muito conflito entre leitor e repórter. "Sou favorável. A foto do leitor é um flagrante, é sempre interessante. E a cada foto que um amador manda, mais o repórter fotográfico é valorizado", brinca. Quando perguntado se as linhas editorias dos veículos o incomodam, Marcelo disse que sim. "É preciso se enquadrar. Mas com o tempo você acaba descobrindo até onde pode ir, quais são os seus limites".

 Durante o Controversas, Marcelo Carnaval mostrou e comentou algumas de suas fotos, sempre com modéstia “Foto de esporte é assim, tudo muito parecido” e a naturalidade de quem já tem muitos anos de experiência. No começo da carreira, pouca coisa o impressionava ou emocionava, era sempre trabalho. “Não rola o medo, é muita adrenalina. Acho normal”, comentou quando questionado sobre como fotografar a violência. 

Mas admite que recentemente, certos temas têm lhe levado às lágrimas. “Estou ficando cada vez mais chorão. O morto não me incomoda, mas o sofrimento das pessoas sim.” Na grande enchente de Santa Catarina, Marcelo fez a cobertura do velório de dois meninos, que tinham a mesma idade de seu filho, na época. Ele contou que chorou aos soluços e quase não conseguiu fotografar. Ser fotojornalista não é fácil. "Mas vale a pena", completa.

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