sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mudanças no currículo de Jornalismo da UFF geram debate acalorado

Marco Vito Oddo e Maria Eduarda Chagas

     A mudança curricular da habilitação de Jornalismo do curso de Comunicação da UFF foi tema da primeira mesa do Controversas, no terceiro dia do evento (11/11). Representada na ocasião pelas professoras Denise Tavares e Larissa Morais, e apoiada pelo professor Ildo Nascimento, a Comissão propôs alterações no fluxograma, retirada de disciplinas obrigatórias e inclusão de novas disciplinas. Opiniões divergentes apareceram entre alunos de diversos períodos do curso, que compunham a platéia de um dos debates mais controversos da Semana de Jornalismo.
     Apesar de todas as divergências, os envolvidos no debate concordaram que a proposta de mudança deve oferecer uma formação humanística, interdisciplinar e com prática laboratorial e espaço para a pesquisa, conforme defendeu a professora Denise. O currículo proposto pretende equilibrar o número de disciplinas teóricas, teórico-práticas e laboratoriais, mas ele ainda não é definitivo. A principal conclusão por enquanto é a necessidade de novos debates sobre o assunto.
     Comissão rejeita formação técnica - Outro ponto importante levantado foi a relação da universidade com o mercado de trabalho, já que um dos objetivos da academia é formar profissionais capazes de atuar na sua área. Esse contato com o mundo profissional, entretanto, não deve impedir a independência das instituições de ensino. Para a professora Denise, a universidade deve levar o mercado em conta, mas não deve proporcionar um curso de perfil técnico. “Deve-se abrir espaço para a criatividade, a vontade de ser diferente”, disse.
     A retirada da disciplina Seminários de Poder e Política do quadro de disciplinas obrigatórias foi questionada pela maioria dos alunos presentes. “A disciplina é essencial para a formação do jornalista”, afirmou o aluno André Coelho, do segundo período. A substituição de Realidade Socioeconômica e Política Brasileira por História Contemporânea do Brasil também foi criticada, devido à diminuição da carga-horária, que passaria de 60 horas semestrais para 30 horas. No entanto, algumas propostas de exclusão agradaram os alunos. Com uma salva de aplausos, os alunos demonstraram satisfação pela retirada da disciplina Teoria da Percepção.
     Peso da Linguística deve ser reduzido - A maior polêmica surgiu em torno das disciplinas de Linguística. O atual currículo possui três Linguísticas, enquanto o proposto pela Comissão teria apenas duas. Alunos do segundo período protestaram contra o número, ainda considerado excessivo pela turma. Estudantes de outros períodos defenderam a permanência da estrutura atual, já que a Linguística removida do fluxograma seria a disciplina introdutória, necessária para o entendimento das outras duas.
     Mesmo que nenhuma resposta definitiva tenha sido alcançada nesse tópico, a discussão serviu para identificar problemas gerais enfrentados pelos alunos, e para esclarecer o funcionamento das disciplinas ministradas por outros departamentos. O professor João Batista explicou que não se pode mudar ementas externas, um dos focos de queixas dos estudantes. A única opção do departamento seria incluir ou não uma disciplina já existente, ou criar uma disciplina aplicada à comunicação. João também se posicionou contra a retirada de disciplinas externas. “A gente tem que lembrar que está em uma universidade, e se não houver troca com outros departamentos, vira um ‘escolão’”, explicou.
     Alunos reclamam de disciplinas oferecidas por outras unidades - Para a professora Denise, um dos motivos para a insatisfação dos alunos com disciplinas externas seria a falta de conhecimento das ementas, e, consequentemente, a falta de cobrança para que elas se cumpram. “O aluno deve conhecer a ementa e brigar por ela”, acrescentou. E mais do que conhecer as ementas, os alunos devem participar da reformulação das ementas e da grade curricular. “É fundamental que essa discussão seja ampliada entre vocês", afirmou o professor Ildo Nascimento.

O quórum manteve-se forte no dia em que a Controversas discutiu mudanças curriculares


     A ideia de realizar uma mesa com esse tema partiu da Comissão, composta pelos professores Alceste Pinheiro, Sylvia Moretzsohn, Denise Tavares e Larissa Morais. O objetivo era aproveitar o espaço da Primeira Semana de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense para apresentar as propostas da Comissão, e ouvir a opinião dos alunos sobre as mudanças.
     Como forma de ampliar a participação dos estudantes, a Comissão convidou todos os períodos a discutirem entre si, e escolherem dois representantes de cada turma. Uma solução para a reforma curricular só poderá ser dada depois de muita discussão, e apenas poderá ser satisfatória se incluir a opinião de professores e alunos. “Vocês devem se engajar. Vale a pena vocês participarem”, concluiu Denise.


Nenhum comentário:

Postar um comentário