segunda-feira, 1 de novembro de 2010

PC Vasconcellos: o jornalista não pode ser leviano para ganhar notoriedade

Carolina Araujo e Gabriel Fricke

Muitos estudantes de jornalismo entram na carreira por gostarem do jornalismo esportivo, normalmente de futebol. E muitos se miram em profissionais como Paulo César Vasconcellos, que estará na Controversas UFF, na mesa da terça-feira, dia 9 de novembro, para falar sobre “A cobertura de esportes no cotidiano e em grandes eventos”. PC, como é chamado, atualmente é chefe de redação do Sportv, o canal esportivo da Globosat, e também comentarista esportivo do RJTV, de segundas às quintas-feiras. PC participa do programa “Bem, Amigos!”, de Galvão Bueno, e também do “Redação Sportv”. E eventualmente também marca presença no “Troca de Passes”. O entrevistado falou sobre temas como a cobertura de esportes, a relação com os atletas e o modo como a internet modificou a rotina do jornalista. Confira na entrevista abaixo. PC deixou também um recado em vídeo aos estudantes de jornalismo.

Como você ingressou na área de Jornalismo Esportivo?
Sou jornalista há 30 anos. Quando optei pela carreira não imaginava que seria jornalista de esportes. Me considero até hoje um jornalista que trabalha na editoria de esportes, em um canal de esportes. Acho que o jornalista pode seguir um caminho, como o Elio Gaspari seguiu na política, como o Joaquim Ferreira dos Santos seguiu na cultura, mas ele é, essencialmente, um jornalista. A gente sempre tem que ter cuidado com esse rótulo. A minha decisão de ser jornalista credito muito ao fato de que eu sempre gostei de ler, de escrever e sempre tive dificuldade de guardar segredo. E jornalista não guarda segredo, aquilo que sabe conta para todo mundo.

Qual foi o primeiro evento esportivo que você cobriu? Qual foi o mais marcante? Por quê?
Foi uma competição chamada Jogos Cruz Del Sur, em 1981, pelo jornal O Globo. Agora, o mais marcante, foi a primeira Copa do Mundo, em 1982, pelo jornal O Globo. Eu tinha um ano de casa, fazia parte da turma de novos repórteres, e fui escalado. Aprendi muito com as pessoas com quem convivi. Era muito jovem, tinha 25 anos, e estava cobrindo a Copa, inclusive a final.

Como é a relação do jornalista com os atletas em geral?
Temos que manter, em qualquer tipo de relação profissional, o respeito. Eu sou de uma época em que não havia intermediários na convivência entre  jornalistas e atletas. O mercado de trabalho se ampliou e surgiram os assessores. Você tem que ser respeitado pelo atleta, assim como o jornalista político tem que ser respeitado pelo governador, por exemplo. O respeito está associado à credibilidade. Não sou, efetivamente, amigo de nenhum atleta. Eu preciso é que ele saiba que, quando está conversando comigo, está diante de um profissional sério, que nunca será leviano, e estará sempre preocupado em traduzir o que ele disse da maneira mais fiel possível e que jamais vai causar ou provocar qualquer tipo de escândalo para ganhar notoriedade. 
Como você classificaria a cobertura esportiva brasileira, atualmente? Você considera um padrão alto ou acha que ainda pode melhorar?
A imprensa deveria fazer mais reflexão sobre como se comporta. Atualmente, não vejo essa reflexão. Se eu disser que o jornalismo de hoje é ótimo, eu estaria mentindo, se eu disser que é péssimo, estaria mentindo também. O jornalismo está tentando aprender e entender as novas ferramentas de mídia. Ele precisa descobrir que precisão e velocidade têm que caminhar juntos, pois não adianta ser o mais veloz e ter que corrigir a informação dada. Percebo que há mais velocidade do que precisão. Se tivermos esse exercício de reflexão, talvez a gente consiga melhorar. O que não pode é ser mentiroso, acusar sem provas, fazer jornalismo por fazer. Jornalismo é uma coisa muito importante, o nosso poder é muito grande. 
Como mudou a rotina de trabalho com a questão da internet, das novas mídias que surgiram?
Internet é uma das coisas mais fantásticas do mundo, e prova que o ser humano está evoluindo, mas é preciso saber usar. A impressão que eu tenho é que  a internet não se preocupa com a exatidão. A internet viveu uma fase que foi a corrida de ouro dos sites. Agora, temos a corrida de ouro dos blogs, todo mundo tem blog. E, vou te dizer, tem muita gente que não tem a menor qualificação de para ter blog, mas é um território livre, e vivemos em um país democrático, então as pessoas se manifestam. Vivemos uma fase muito vaidosa. Todo mundo acha que tem alguma coisa para dizer, independentemente do tempo de carreira.



Gostou da entrevista? Quer saber mais sobre as opiniões do entrevistado? Então, siga @OPCVasconcellos

3 comentários:

  1. "Eu sou de uma época em que não havia intermediários na convivência entre jornalistas e atletas. O mercado de trabalho se ampliou e surgiram os assessores". Taí uma boa questão para se debater na Controversas: será que o resultado (a reportagem)da relação entre a fonte e o jornalista melhorou com o surgimento da assessoria de imprensa? Ou melhor: será que ainda existe essa relação?

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  2. Muito bom ter pessoas com tanta experiência na Controversas! Tenho certeza que nos dará a sensação de que tudo vai dar certo na nossa carreira como jornalistas, apesas de tudo.

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  3. Faz o que falo, não faz o que faço. Ridiculo um sujeito que não consegue ser isento em sua opnião quando esta trabalhando, posar de "profissional".

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