segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Paula Máiran e o Jornalismo Político: fontes, eleições e interesses que envolvem o cenário

Karla Vidal e Luciano Ratamero

Jogo de interesses, fontes, dossiês. A escolha de um jornalista pela editoria de política não é fácil. Em uma área em que há muito poder envolvido, o cuidado com o que é dito tem que ser ainda maior. Paula Máiran é atualmente assessora de Marcelo Freixo, recentemente eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro, mas a cobertura política não foi uma escolha da jornalista. Em época de eleição, Máiran era sempre convocada para trabalhar na área, mas nunca como repórter de política efetivamente. Mesmo não sendo um desejo profissional antigo, a jornalista foi convidada pelo Jornal do Brasil para cobrir as eleições municipais de 2008. Depois de longos e eventuais contatos com esse conturbado cenário, Paula Máiran esteve pela primeira vez com um “olhar especializado”, como ela mesma descreve.
No final do mesmo ano, veio o convite de Marcelo Freixo para uma seleção que escolheria o jornalista que iria assessorá-lo, e ela foi a escolhida. A experiência, segundo ela, é “enriquecedora e de muita aprendizagem, não só na área profissional, mas também, e principalmente, como cidadã”. Porém, nesse meio nem tudo é tão simples assim. Quando a questão é a relação com as fontes e os interesses envolvidos, o silêncio inicial é que dá o tom de complexidade do tema tratado.
O problema tem início nos grandes meios de comunicação, visto que muitos deles têm seus interesses políticos. “Às vezes, temos muita demanda de materiais que interessam à mídia, enquanto outras vezes encontramos dificuldade de conseguir espaço para um projeto que achamos importante”, afirma a jornalista. Paula Máiran conta que é preciso saber lidar da melhor forma possível com isso, visto que é fundamental manter um bom relacionamento com esses profissionais. “Aproveitamos as brechas para defender nosso ponto de vista.”
Estão incluídas nas tarefas de um assessor político fazer com que o assessorado tenha mais visibilidade na mídia e prestação de contas aos eleitores. Porém, em período eleitoral, o apelo aos dossiês é cada vez mais recorrente, e a execução desse trabalho sobra, também, para o assessor. Segundo Paula Máiran, ela nunca precisou fazer um e afirma que jamais faria, visto que, para ela, “isso não é jornalismo, mas sim intromissão”. Máiran diz, ainda, que isso não é eticamente correto e considera o dossiê uma maldade. “Isso não pode ser considerado jornalismo investigativo.”
Com relação ao intenso uso das redes sociais nessas eleições, Paula Máiran acredita que isso teve uma influência muito grande nos resultados obtidos. “A Internet e as redes sociais, em especial, tem um alcance muito grande. Alguns candidatos não têm espaço na grande mídia, mas encontraram nos miniblogs uma oportunidade de mostrar suas propostas. É, sem dúvida, um novo tempo nesse complexo cenário.”


Paula Máiran discutirá a cobertura política no cotidiano e nos anos de eleição na primeira mesa do evento, no dia 9 de novembro, com mediação da professora Denise Tavares.

Um comentário:

  1. “Às vezes, temos muita demanda de materiais que interessam à mídia, enquanto outras vezes encontramos dificuldade de conseguir espaço para um projeto que achamos importante”. Assim que se dá a censura nos veículos de comunicação, de forma sutil e eficaz. Um momento! Eu disse sutil? Acho que isso está cada vez menos sutil! Aqui, mais uma vez, cabe ressaltar a importância da ética, do olhar crítico, da inteligência e da responsabilidade social do jornalista . “Aproveitamos as brechas para defender nosso ponto de vista”.

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