segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Controversas aborda cobertura de polícia nos jornais cariocas

Isabel Muniz


“No Rio de Janeiro o jornalista de polícia é, infelizmente, tão importante quanto o de economia e política em Brasília”. Esta frase foi dita durante a terceira edição do Controversas pelo editor de Cidade do jornal Extra Fábio Gusmão, que participou da mesa sobre a cobertura policial. Os participantes do debate no dia 19 dividiram suas experiências e contaram como são vistos pela sociedade em geral e no próprio meio de trabalho.


Gusmão trouxe exemplos de reportagens suas que ganharam prêmios e tiveram notoriedade internacional, como a da senhora que filmava o tráfico da janela de casa em Copacabana e uma em que entrevistou Fernandinho Beira-Mar. O editor afirmou que adora o que faz, mas não escondeu a frustração que sente quando casos são apurados, há provas e nada é feito. “Às vezes muitas coisas acontecem, mas não é por falta de denúncia”.


A redatora da Secretaria de Redação do Globo Solange Duart, que trabalhou durante anos neste tipo de cobertura disse que “o repórter de polícia é tido como um repórter menor, de menos importância.” A jornalista contou ainda que por ser mulher, sofreu preconceito no meio e deu dica de como se deve driblar isso: “A mulher tem que ter um comportamento mais ponderado”.


Para o repórter do Jornal do Commercio Márcio Beck este tipo de cobertura é importante para a formação do jornalista. De acordo com ele, repórter de polícia é mais questionador, não acredita cegamente no que uma fonte diz. “O detector de mentiras do repórter policial é mais apurado do que o dos outros tipos de jornalistas”.


A mesa sobre a cobertura de polícia também contou com a participação de Carlos Aleixo, motorista aposentando do Extra, que já fez muitas viagens com Fábio Gusmão. Todos os jornalistas no debate foram unânimes quanto à importância dos motoristas de redação nestes tipos de matéria, já que eles entram nas favelas junto com os repórteres, se arriscam do mesmo jeito e até ajudam na obtenção de informações. “O motorista é o segundo olho do repórter, do fotógrafo”, destacou Aleixo.




Márcio Castilho, Carlos Aleixo, Fábio Gusmão, Márcio Beck e Solange Duart

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