sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Do volante às páginas do jornal, a história do motorista Aleixo

Laís Ramos


Manter boas fontes durante a carreira jornalística é apenas uma das ferramentas para se obter grandes furos de reportagens. Uma outra é, curiosamente, manter um bom relacionamento com os motoristas das redações, principalmente quando se tem um companheiro como Aleixo – o “Negão”, motorista aposentado do jornal Extra, que trabalhou 18 anos acompanhando os acontecimentos do Rio de Janeiro em carros de reportagens. Francisco Carlos Aleixo e outros palestrantes participarão da mesa “A cobertura de polícia” do Controversas, na próxima quarta-feira, a partir das 16h. Conheça um pouco mais sobre este mineiro que tem paixão pela Baixada Fluminense e pelo jornalismo.




Aleixo, você sempre trabalhou como motorista de redação?
Fui motorista de caminhão por muito tempo, mas trabalhei durante 18 anos como motorista do jornal O Globo e, do Extra, desde sua criação, em 1998. Infelizmente tive que me aposentar por conta de problemas com a coluna. Até hoje choro escondido, pois não estava pronto para abandonar a profissão.


Por que não estava pronto? Durante os 18 anos você não teve vontade de parar?Sempre fui um grande entusiasta do jornalismo e amava o que eu fazia. Às vezes eu ouvia alguns repórteres reclamando da profissão e via que isso influenciava em suas pautas. Os jornalistas apaixonados eram sempre os donos das melhores reportagens. Gostava tanto que o meu carro era chamado de redação ambulante. Lá, eu reunia todo o aparato para auxiliar os jornalistas: bloquinhos, remédios, canetas...eu também pegava as notas fiscais dos almoços dos repórteres e até fazia reclamações sobre as horas extras cumpridas pelos repórteres.


Como era a sua rotina como motorista de redação?
Corrida, mas muito emocionante. Fazia de tudo um pouco: além de motorista, passava flashes para as redações quando via algum acontecimento.  Vivi histórias inesquecíveis e momentos tensos, até mesmo cômicos, como um tiroteio no morro da Lagartixa durante a noite. Tive que ficar agachado para me proteger. Quando vi, uma cadela cheia de pulgas e com um cheiro ruim estava lambendo a minha cara, e nada pude fazer. Enquanto isso, o fotógrafo Eduardo Santoro, do jornal Povo do Rio, me fotografava (risos). Tenho a foto até hoje. Gostava mais das coberturas na Baixada, onde cumpria até oito pautas por dia. Meu carro tinha até o apelido de “Baixadão”, de onde cheguei a dirigir 700 km em um dia.


Aleixo, à direita, com a equipe do Jornal Extra, de 
onde guarda boas lembranças


Ao final da entrevista, Aleixo contou em tom emocionado o quanto sente falta desta rotina. Não deixe de ouvir mais histórias na próxima quarta-feira durante o Controversas!  

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