segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Erika Werneck destaca sensibilidade e formação humanística como essenciais ao jornalista

Catherine Lira

Em entrevista ao Controversas, a jornalista e professora aposentada da UFF Erika Werneck conta sua história no jornalismo, como conheceu o Brasil de norte a sul pela profissão e ainda dá conselhos aos futuros profissionais da área diante dos novos desafios do mercado.


Onde estudou Comunicação e o que a motivou a escolher esta profissão? 
Eu escolhi ser jornalista quando tinha 14 anos de idade, vendo meu pai lendo jornais e comentando as notícias. Eu ficava fascinada e idealizava a profissão. Na minha cabeça de menina, nada poderia ser tão importante quanto informar as pessoas sobre os acontecimentos no mundo.

Em que ano completou sua graduação e há quanto tempo está no mercado? Por quais veículos passou? 
Comecei minha carreira em 1969, na Rádio Nacional. Eu me formei na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1972. Lá mesmo eu fiz mestrado em Comunicação Social, concluído em 1977.

Pode contar um pouco como foi sua primeira experiência profissional? 
Eu comecei a trabalhar como jornalista quando, nas redações, ainda predominavam os homens. Na Rádio Nacional, eu era a única jornalista mulher no horário em que eu trabalhava; das 19 à meia-noite. O dia foi horrível, porque eu não tinha experiência nenhuma e fui logo designada a escrever matérias para os radiojornais. As primeiras notícias que redigi foram rejeitadas porque não estavam escritas numa linguagem apropriada para o veículo. Tive de refazer todo o trabalho e, para isso, contei com a ajuda de profissionais experientes. Jamais vou esquecer o quanto eles foram atenciosos e pacientes comigo.

Para você, qual é o principal papel de um jornalista? 
Transmitir as informações com seriedade, correção, fidelidade e imparcialidade, e não perder de vista a ética.

Suas expectativas em relação à profissão foram alcançadas?
Foram sim. Eu comecei a trabalhar quando ainda estava na faculdade e desde então continuo atuando na profissão. Hoje sou sócia da empresa que criou, produz e mantém o portal Gente que Inova, que divulga notícias sobre inovação. São matérias escritas e também gravadas em vídeo.
Foi graças à minha profissão que eu conheci o Brasil de norte a sul. Foi graças à minha profissão que eu conheci a Antártica, onde permaneci durante um mês documentando, para a TV Educativa do Rio de Janeiro, os trabalhos dos cientistas brasileiros na base Comandante Ferraz.  E foi como jornalista que ingressei na UFF (por concurso público). Aqui fui professora adjunta, coordenadora da área de jornalismo, chefe de departamento, orientadora e membro de bancas de monografias.

Qual a importância de participar de um evento como o Controversas? Em que isso te acrescenta?
Para mim, é importante participar desse evento porque me traz de volta  ao ambiente do qual fiz parte durante 25 anos. Gosto de trocar ideias com outros profissionais da área e com os estudantes que serão meus futuros colegas. É gratificante, a gente aprende sempre em eventos como este.

Poderia resumir em poucas palavras, qual o segredo para ser um bom jornalista?
Um bom jornalista tem de saber escrever bem, tem de estar atualizado, ter boa formação humanística, ler muito e sempre, ter sensibilidade e não se considerar “dono da verdade”.

Qual é sua visão sobre o atual mercado em comunicação?
Eu ainda trabalhava na Rádio Nacional quando recebi um convite para trabalhar na  extinta TV Rio - naquela época, você ainda era convidada para trabalhar. Com a extinção da TV Rio, fui para o jornal O Globo. Nesses veículos, eu era repórter da editoria geral, fazia de tudo. Mas a minha estreia na editoria de ciências começou dez anos depois, com o programa de TV Nossa Ciência, da TV Educativa, em que fui trabalhar a convite do professor Nilson Lage. Trabalhei ainda na Rádio Eldorado (atual CBN), do Sistema Globo de Rádio; no Globo Ciência, na MultiRio; e criei, junto com a jornalista Dominique Ribeiro, o Núcleo de Difusão de Ciência e Tecnologia, da Faperj.  O mercado hoje em dia está muito diversificado. Há lugar para todo tipo de perfil. É preciso lembrar que o mercado de comunicação não se restringe aos veículos tradicionais, como jornais, TVs abertas e emissoras de rádio. Esse foi um avanço. Mas os salários, na maioria das vezes, são aviltantes.

Quais são suas perspectivas para o futuro?
Como eu ainda espero viver muito, pretendo continuar trabalhando e acompanhando as inovações nas mais diversas áreas.

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